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18 de abril de 2024A inadimplência só começa a recuar em setembro. Até lá, os grandes bancos esperam novas elevações, especialmente entre as pequenas e médias empresas. O índice de atrasos para as companhias, hoje em 2,6%, poderia chegar a 3,5%, enquanto nos empréstimos para pessoas físicas, os não pagamentos poderiam subir de 8,3% para 9%.
As taxas de inadimplência tiveram alta significativa no Itaú Unibanco e as projeções do banco são de que elas ainda vão continuar subindo, tanto na pessoa física como na jurídica. Devem voltar a cair mais para o final do ano. Silvio de Carvalho, diretor da instituição espera que a taxa geral, para atrasos acima de 60 dias, bata em 6,9% no terceiro trimestre, uma das mais altas entre os grandes bancos privados. O indicador fechou março em 5,6% da carteira de crédito.
Na pessoa física, o índice fechou março em 9,8% (em dezembro do ano passado era 8,1% e há um ano estava em 8,3%). Nas pessoas jurídicas, também houve um salto no trimestre, passando de 1,7% em dezembro para 2,5%.
Mesmo com o aumento das taxas, o banco considera os níveis de atraso “administráveis” e aposta no crescimento do crédito para pequenas e médias empresas. A projeção é de expansão de 17% este ano para o segmento, acima da média prevista para toda a carteira do banco, entre 10% e 15%. O banco, diz Carvalho, tem atuação “aquém do potencial” no segmento de empresas menores. Outra aposta é o crédito imobiliário, com expansão prevista de 25%.
Milton Vargas, vice-presidente de Relações com Investidores do Bradesco, avalia que o crédito vai se normalizar somente a partir do quarto trimestre e a inadimplência deve continuar subindo. Ele acredita que a taxa total do banco, considerando os atrasos superiores a 90 dias, bata em 4,9% em agosto ou setembro. Em seguida, a expectativa é que comece a cair. Caso a taxa seja confirmada, será a mais alta desde o segundo trimestre de 2002, quando chegou a 5,4%.
Segundo ele, a inadimplência é mais grave entre as empresas de menor porte (com faturamento anual abaixo de R$ 30 milhões) e na baixa renda. Na pessoa física, o índice fechou março em 7,6%, acima dos 6,7% de dezembro. Na jurídica (pequenas e médias empresas) saltou de 2,7% para 3,6%. Por conta disso, o Bradesco aumentou as provisões em 75% no primeiro trimestre, para R$ 2,9 bilhões.
Para o economista do Credit Suisse, Nilson Teixeira, a tendência de fato é de elevação, mas não preocupa em relação à saúde das instituições financeiras. Nem mesmo quando se leva em conta que os dados são ainda maiores quando descontado o crédito consignado (que tem inadimplência na casa dos 2%). A taxa média subiria de 8,3% para 10,9% na carteira de pessoa física, em março, de acordo com estimativa de Teixeira.
Ele acredita ainda que os atrasos para pessoas físicas devem subir dos atuais 8,3% para 9% por volta no terceiro trimestre, quando começam a recuar. Os fatores principais devem ser a queda do emprego (-0,5% no ano) e da renda real (-3,5% no ano). Além disso, os modelos do banco sugerem que o crescimento dos saldos em atraso até 90 dias (que não são considerados ainda inadimplentes), são um indicador antecedente da taxa de inadimplência. Esses saldos aumentaram de 7,2% do total em fevereiro para 7,4% em março.
André Ventura, da equipe de análise econômica do Credit Suisse, destaca o índice nos cartões de crédito, que atingiu 27,2% em março. Nos últimos cinco anos, o total de plásticos subiu de 44 milhões, em 2003, para 130 milhões no fim do ano passado. “As taxas de juros são muito altas e as pessoas só recorrem ao cartão quando já estão em dificuldades”, disse Ventura.
No caso das empresas, cujo patamar atingiu 2,6% em março, a Tendências Consultoria aponta que atividade econômica mais fraca é o principal determinante dos atrasos e diz, em relatório, esperar novas elevações, com picos que podem atingir 3,5% já em julho.
Fernando Blanco, presidente da seguradora de crédito Coface no Brasil, acredita que ainda possa haver um novo soluço da inadimplência no início do segundo semestre por conta do desemprego e que isso deve ter impacto nos atrasos também das empresas. “Há um canal de transmissão. As pessoas não pagam para as empresas, que acabam também inadimplentes”.
Para Márcio Aranha, superintendente geral da Associação Comercial de São Paulo, a inadimplência continua com valor preocupante, mas mesmo com a crise apresenta índices menores do que picos vistos no passado. Segundo ele, um dos fatores importante para a retomada do crédito seria a aprovação do cadastro positivo, que poderia reduzir os atrasos das carteiras.
Apesar do cenário ainda incerto, alguns sinais podem ser interpretados como uma desaceleração do avanço da inadimplência no crédito ao consumo. Depois de avançar de 7,3% em setembro, para 8,4% em fevereiro, os atrasos das pessoas físicas recuaram para 8,3% em março. Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), se disse “surpreendido” e reviu a projeção. “Estava esperando que chegaria a 9% em julho. Se subisse o que esperava, seria muito ruim. Estou achando que deve haver uma estabilização.”