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18 de abril de 2024Nos últimos anos, crescimento econômico acelerado e juros altos proporcionaram aos fundos de pensão brasileiros rentabilidade recorde. A crise econômica mundial, com seus reflexos devastadores sobre o mercado acionário, e a redução da taxa de juros impõem um desafio imediato aos fundos – encontrar investimentos rentáveis em outros mercados e manter o equilíbrio atuarial. Para as fundações que se acostumaram a ganhar dinheiro aplicando principalmente em títulos públicos, está chegando a hora da verdade.
A Funcef, a fundação que cuida das aposentadorias dos funcionários da Caixa Econômica Federal, registrou, em 2007, por exemplo, o melhor ano de sua história. A rentabilidade bateu em 28,07%, resultado suficiente para cobrir a meta atuarial naquele ano e no seguinte. Em 2008, por causa da crise econômica, o resultado foi positivo em apenas 1,8%, embora, registre-se, a Funcef tenha sido um dos poucos fundos de pensão a operar no azul – para ficar num exemplo, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, sofreu perda de 11,39% no ano passado.
O que mais pesou de forma desfavorável nas contas dos fundos em 2008 foram os investimentos em renda variável. No caso da Funcef, segundo dados antecipados a esta coluna, a rentabilidade dessa carteira fechou o ano negativa em 19,7%. Já a carteira de renda fixa foi positiva em 13,3%, a de imóveis em 25,2% e a de operações de crédito com participantes, em 4%.
A taxa básica de juros (Selic), que caiu de forma lenta mas consistente nos últimos anos, pode chegar ao fim de 2009, segundo expectativa generalizada, ao patamar mais baixo da história. O que se diz é que a crise criou uma oportunidade histórica para o Brasil, finalmente, ajustar os juros a níveis civilizados. Se isso acontecer, o governo passará a arcar com um custo menor para rolar a sua dívida, fazendo com que o rendimento das aplicações em renda fixa caia de forma significativa, o que provocará efeitos colaterais.
Investimento em renda fixa, com destaque para os títulos públicos, ainda representa o grosso das aplicações dos fundos de pensão. Na Funcef, ele respondeu por 58,25% do total da carteira em 2008. O diretor de investimentos da entidade, Demósthenes Marques, explica, no entanto, que, desde 2004, por causa do processo de estabilização da economia, a fundação já vinha contando com a queda dos juros no longo prazo.
Em 2005, 43% da carteira de investimentos da Funcef estava exposta à evolução da taxa Selic. Em 2008, essa exposição foi reduzida para 18%. “Nesse período, aumentamos as aplicações em renda variável, que nos últimos cinco anos rendeu acima da rentabilidade média da carteira, e migramos da renda fixa indexada a juros, ou seja, a fundos de investimento atrelados a CDI, para títulos indexados à inflação”, revela Marques. Na Previ, renda fixa representa 37,38% da carteira de investimentos e na Petros, a fundação de previdência da Petrobras, 71,29% (posição de novembro de 2008).
Os números da Funcef nos últimos anos sintetizam o que, entre os gestores das fundações, é considerado o período dourado das entidades de previdência no Brasil. De 2003 a 2008, a rentabilidade acumulada do fundo dos funcionários da Caixa Econômica Federal superou, com folga, a meta atuarial exigida pela legislação (ver gráfico). Os dados mostram também que, na medida em que a crise de 2002 e 2003 foi ficando para trás, melhor foi o desempenho do fundo. Com a crise, a “boca do jacaré” tende a fechar novamente.
O desafio dos fundos nos próximos meses e anos será sobreviver à queda dos juros, contar com alguma recuperação das bolsas de valores e diversificar investimentos, em busca de maior rentabilidade e segurança. “O momento é bastante desafiador, mas nós estamos com uma posição de liquidez para honrar os compromissos de curto e médio prazo muito confortável, de maneira que temos condições de pagar os benefícios sem sacrificar ativos que estão momentaneamente depreciados”, assegura Demósthenes Marques. A princípio, os três maiores fundos do país – Previ, Petros e Funcef – não terão dificuldades para enfrentar a nova realidade, mas e o resto?
O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, conta que sua entidade vem direcionando aplicações a grandes projetos de infraestrutura. “Infraestrutura não é commodity e o Brasil tem grande carência nessa área. São investimentos de longo prazo”, justifica. Por meio da Invepar, empresa de investimentos e participações em infraestrutura, onde detém 20% do capital, o fundo está investindo em rodovias e transporte metroviário. Está presente também em ferrovias por meio da ALL, a maior empresa ferroviária da América Latina, e pode entrar no setor elétrico – há uma negociação em curso para a compra, com outros parceiros, da participação da Camargo Corrêa na usina de Jirau, em construção no rio Madeira.
Lacerda diz que, além de investir em infraestrutura, a Funcef deverá aplicar nos mercados de recebíveis, debêntures, certificados de crédito bancário e de imóveis, especialmente em shopping-centers, que nos últimos anos deu bons frutos à fundação graças à revisão dos contratos e ao boom imobiliário.