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Os EUA reagiram com frieza ao acordo nuclear anunciado ontem em Teerã e afirmaram que não desistirão de aprovar novas sanções contra o Irã no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“(O acordo) não muda as medidas que estamos adotando para que o Irã cumpra suas obrigações, incluindo sanções”, disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. Dentro do governo americano, a visão é que o acordo não resolve as dúvidas que as potências ocidentais tinham sobre o programa nuclear iraniano. E a Casa Branca admite, internamente, que o acordo tem o potencial de dividir o Conselho de Segurança e dar à Rússia e à China uma desculpa para adiar sanções. “Se o acordo for usado por outros países para adiar as sanções, isso vai prejudicar Brasil e a Turquia nos EUA”, disse ao Estado Bernard Aronson, ex-secretário assistente de Estado, que continua próximo ao governo.
Se os esforços das sanções no Conselho de Segurança forem seriamente comprometidos, espera-se um novo impulso para as propostas de sanções unilaterais que estão tramitando no Congresso americano. E espera-se também muita irritação do governo americano com Brasil – já que Obama vem tentando há oito meses aprovar as sanções no CS. “O Brasil está desperdiçando toda a boa vontade que havia nos EUA em relação ao País”, disse uma fonte do Senado.
Recuo. Ontem, Gibbs disse que o acordo atual “significa muito menos do que havia sido acordado em outubro”. Ele se referia ao acordo proposto pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e endossado pelo P5+1 – EUA, Grã-Bretanha, França China, Rússia e Alemanha. A proposta inicial também previa que o Irã enviasse 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para ser processado no exterior. Mas, na época, isso equivalia a dois terços de todo o seu estoque. Como o regime continuou enriquecendo urânio nos últimos sete meses, Teerã ainda conseguiria manter 1.100 quilos de urânio em seu poder, mesmo enviando os 1.200 quilos ao exterior, como na proposta inicial. A quantidade é suficiente para a fabricação de uma bomba nuclear.
Em comunicado, a Casa Branca disse ter “sérias preocupações” a respeito do programa nuclear iraniano. “Seria um passo positivo enviar urânio de baixo enriquecimento para fora do Irã, como acordado em outubro, mas o Irã disse que vai continuar enriquecendo urânio a 20%, o que é uma violação direta das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.”
PERGUNTAS & RESPOSTAS
Manobras do regime iraniano
1.
Haverá inspeções para evitar que mais urânio seja enriquecido pelo Irã?
O acordo diz apenas que o Irã respeita suas obrigações com o TNP, que prevê inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
2.
A troca seria simultânea?
Antes, o Irã exigia uma troca simultânea. Agora, ele esperaria até um ano para ter o urânio de volta.
3.
Onde o urânio será enriquecido?
O acordo não diz. A Turquia não tem como enriquecê-lo. As opções mais óbvias são França e Rússia.
4.
Quais os efeitos políticos?
O acordo enfraquece a posição dos EUA, que pressionam China e Rússia por novas sanções ao Irã na ONU.
5.
Qual o ponto fraco do acordo?
Ele não impede que o Irã continue a enriquecer urânio a 20%.