Brazil Tries Reducing Banks’ Forex Positions
7 de janeiro de 2011”O Brasil não precisa desse controle cambial doido”
11 de janeiro de 2011Depois de ameaça, veio a paulada. Agora, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo acompanhará com atenção a reação do mercado e, caso a especulação continue, está pronto para agir. O momento, segundo ele, é de observação após as normas que limitam a posição vendida dos bancos no mercado de câmbio. Caso o dólar continue a derreter, o governo lançará mão de novas medidas, mas “sem precipitações”. O sinal amarelo para a equipe econômica se acendeu em novembro e dezembro, quando a posição das instituições financeiras avançou a passos largos, levando a aposta contra a moeda norte-americana para US$ 16,8 bilhões – o maior montante já registrado pelo Banco Central.
A expectativa do governo, no curto prazo, é de que o dólar retome a trajetória de alta frente ao real. Ainda assim, Mantega preferiu não arriscar quanto ao que vai ocorrer com a taxa de câmbio a partir de agora. “A cada momento você examina de onde vëm as pressões. O dólar é flutuante, não dá para dizer quanto vai variar. Sofre influências internas e externas. Temos de observar”, explicou.
Mantega afirmou ainda que ontem, após as medidas, a cotação do dólar começou a se formar no mercado futuro, e não no à vista. Os operadores começaram a mudar suas apostas esperando que o dólar se valorize até que se conclua o prazo para que os bancos se adaptem às novas regras, em abril. O ministro também considerou as medidas positivas. “São quase como uma taxação para o excesso de posição vendida. Estão na direção correta”, afirmou Mantega.
A medida recebeu o aval também do Fundo Monetário Internacional (FMI), que considerou a medida do BC um passo “macroprudencial” apropriado para amparar o sistema bancário, disse a porta-voz Caroline Atkinson ontem. “Nós vemos tais medidas como macroprudenciais que visam a fortalecer o sistema bancário no Brasil diante de grandes ingressos de capital, e elas podem ser uma parte apropriada do kit de ferramentas”, disse a porta-voz.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou positiva a medida anunciada ontem pelo Banco Central, que tem como alvo barrar a valorização excessiva do real frente ao dólar. A entidade que representa o setor produtivo fabril advertiu, porém, que o compulsório de US$ 7 bilhões será insuficiente para a indústria recuperar a competitividade perdida. “A instituição de um depósito compulsório para os bancos que apostam na valorização do real mostra que o BC está atento à questão do câmbio”, disse Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Segundo ele, a decisão reduzirá o impacto de eventuais aumentos da taxa de juros (Selic).
Para Mário Paiva, analista da corretora BGC Liquidez, as limitações impostas ontem aos bancos são um sinal de que pode haver mais ações pela frente. “Essas regras transmitem o recado de que o ministro Mantega quis dar, de que o governo têm infinitas medidas para adotar. Essa, a princípio, foi benéfica para o bom andamento da economia”, avaliou. O ministro também considerou as medidas positivas. “São quase como uma taxação para o excesso de posição vendida. Estão na direção correta”, afirmou Mantega.
Mercado O mercado reagiu à medida do BC e o dólar fechou em alta de 0,78%, a R$ 1,687 – maior valor desde 28 de dezembro. Na máxima, a moeda subiu 1,08%, a R$ 1,6920. No mercado futuro, às 16h42, o dólar para fevereiro subia 0,71%, a R$ 1,6945. Mesmo com a valorização do dólar, o Banco Central realizou dois leilões de compra. No primeiro, a taxa de corte foi definida em R$ 1,6832. No último, a taxa ficou em R$ 1,6866. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o dia em baixa de 0,72%, com destaque para a queda das ações dos bancos depois do anúncio do Banco Central. Bradesco PN terminou em baixa de 2,65%, Itaú Unibanco PN, de 2,36%, BB ON, de 0,88% e a unit do Santander, de 1,77%.
