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18 de abril de 2024Eduardo Jorge (PV) disse que diverge da posição da presidenciável Marina Silva (Rede), de quem ele é candidato a vice-presidente, sobre aborto. Jorge afirmou que, num eventual plebiscito sobre o aborto, ele ficará de um lado e \”a Marina e o Papa Francisco\” de outro.
\”Se chegar a esse ponto que tiver um plebiscito, a Marina e o Papa Francisco vão defender uma coisa e eu vou defender outra\”, disse Eduardo Jorge.
Marina Silva, que é evangélica, se diz pessoalmente contra o aborto e contra que a matéria seja decidida pelo Supremo Tribunal Federal. Em agosto, a presidenciável afirmou que, \”se for para ampliar\” as modalidades previstas em lei, \”que se faça um plebiscito\”. O Brasil só permite a interrupção voluntária da gravidez em caso de estupro, de risco de morte da mulher e anencefalia do feto.
O candidato falou sobre o tema à GloboNews, que, nesta semana, entrevista os postulantes ao cargo de vice-presidente das cinco chapas mais bem colocadas nas pesquisas de opinião. A primeira entrevistada foi Kátia Abreu, vice na chapa de Ciro Gomes (PDT). Em seguida, Ana Amélia (PP), vice de Geraldo Alckmin (PSDB). Os próximos entrevistados são:
Perguntado se prevaleceria a visão dele ou de Marina sobre o tema, Jorge respondeu que \”a posição que está sendo votada é a posição da Rede e a posição da Marina\”. \”Quando eu aceitei fazer a coligação com a Rede e aceitei que ela fosse a cabeça de chapa, eu tenho que ter a sabedoria de ser leal e dizer que o que está valendo é a posição da Rede e da Marina\”, afirmou.
O candidato a vice negou que haja incoerência na visão do PV sobre aborto — que, segundo ele, \”é uma posição histórica\” e que ele defendeu em 2014, quando se candidatou a presidente.
\”Eu tenho uma trajetória de vida em relação a essa questão e um ponto de vista médico e que é bem diferente do ponto de vista religioso dos católicos e dos evangélicos\”, disse Eduardo Jorge.
Ele também comparou a polêmica sobre o aborto com a discussão sobre legalização das drogas — essa, segundo Jorge, \”é muito mais fácil\”. \”É uma questão muito racional, é de mostrar qual é a política melhor para que diminua a dependência, as doenças ligadas à droga e diminua o poder do crime\”, justificou.
\”O caso do aborto é uma questão filosófica. Você pega uma pessoa como o papa Francisco, que é uma pessoa admirável, uma pessoa que está reformando a Igreja, modernizando a Igreja, uma pessoa adorável. Ele tem a mesma posição que a Marina tem\”, ponderou Eduardo Jorge.
O candidato ainda disse que a questão do aborto \”é a mais difícil que tem\”. \”Você imagine eu tentando que explicar isso a minha tia com 102 anos super católica, que vai à igreja todo dia lá na Bahia, é difícil\”, comentou.
Na entrevista, Eduardo Jorge afirmou que vai buscar mais recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, o trabalho da saúde pública é \”subfinanciado\”. \”Eu estou trabalhando aqui no Sistema Único de Saúde […] com cerca de R$ 3 por pessoa por dia. É com isso que eu trabalho. É isso que o Brasil me dá, para eu, Sistema Único de Saúde, trabalhar. R$ 3 por pessoa por dia não dá nem uma passagem de ônibus em São Paulo, aqui no Rio de Janeiro também.\”
O candidato ponderou que o Brasil passa por \”uma gravíssima crise econômica\”. \”E não existe só a saúde, eu não sou dono do orçamento. Eu tenho que dividir com todos os orçamentos, desde a agricultura até a segurança. Eu sei disso, né?\”
\”Portanto, aí entra o seguinte: eu vou lutar por recursos porque recursos são poucos. Eu multiplico pães e peixes todos os dias para fazer vacinação e transplante\”, afirmou Jorge.
Para o candidato, os economistas, de direita ou de esquerda, \”ficam nervosos\” ao falar sobre gastos em saúde.
\”Porque a saúde é uma equação que nenhum economista resolve, que é uma demanda infinita para um orçamento finito. Isso vale para Moçambique, Brasil e Suécia\”, comparou Eduardo Jorge.
Saiba abaixo outros temas abordados pelo candidato na entrevista à GloboNews:
Articulação política: \”A gente [Eduardo Jorge e Marina Silva] tem abertura para discutir com A e com B. A gente não tem preconceito de discutir seja com liberais, seja com socialistas. A gente acredita — como eu sou um parlamentarista, eu acredito — que tanto em setores nos setores mais conservadores e liberais, como no social-democrata e nos socialistas, existem neles – apesar de todo o fisiologismo e todo o poder pelo poder — existe uma chama de interesse pelo povo e pelo país. Que a gente tem que explorar. A gente tem que assoprar para ela acender\”.
Agronegócio: \”Do ponto de vista do Partido Verde, o entendimento com a agricultura, com o agronegócio, é estratégico, é essencial. Nós deveríamos ser casados, meio-ambiente com agricultura. Essa briga, essa briga de A contra Z, para mim, é uma coisa irracional. Eu acho que nós devemos ajudar a agricultura, que, tem um papel essencial no Brasil e no Mundo, a evoluir em direção à economia verde\”.
Pecuária e vegetarianismo: \”A minha objeção e a minha oposição à pecuária […] é porque, primeiro, do ponto de vista da saúde do planeta, ela é uma atividade nociva. É uma atividade altamente gás efeito estufa, altamente produtora de aquecimento global. Segundo, é uma atividade altamente nociva ao equilíbrio dos biomas, porque ela é uma destruidora de biomas. Terceiro, já está provado que a carne pode ser substituída com sucesso por proteínas vegetais com vantagens excepcionais para a saúde\”.
Volta da CPMF: \”Dá para você ampliar ainda mais a carga tributária? O programa nosso diz que não. Vai ter que ter reformas macroeconômicas, reforma da previdência, reforma trabalhista, reforma tributária. Você tem que reequilibrar, fazer um ajuste fiscal muito severo. E não é brincadeira, não é bravata que vai resolver em um ano, dois anos e três anos\”.
Incêndio no Museu Nacional: \”Cada um de nós é um pouco responsável por tudo isso. Quando todo o Brasil abandonou o museu. É claro, eu estou vendo essa briga irracional: \’É o Governo Federal, é o Governo Estadual, é a UFRJ\’. Eu acho que é o Brasil todo, né? […] O que foi feito para deixar que os cupins corroessem uma estrutura daquelas. Não foi da noite para o dia. Não foi nestes quatro anos. Isso aí já deve ter vindo de um processo de 10, 15 anos. Acho que todos somos nós um pouco responsáveis por isso\”.
Estratégia eleitoral: \”Eu já falei que em uma eleição de dois turnos, você tem que ter uma estratégia bem clara. A minha estratégia é: derrotar o [Jair] Bolsonaro no primeiro turno. Estou falando isso desde janeiro, é mantra, eu acordo de manhã e penso: derrotar o Bolsonaro no primeiro turno e enfrentar as forças de Lula no segundo\”.
Legalização das drogas: \”Quem comandou essa fracassada política das drogas durante 60 anos do mundo, quem foi? Quem foi que inspirou isso e incentivou? Foram os Estados Unidos. Foi de lá que veio essa orientação durante 60 anos dessa guerra às drogas baseada na prisão e no encarceramento que só criou essas organizações criminosas e poderosas no mundo inteiro. E agora os próprios Estados Unidos estão na vanguarda das mudanças. Eu acho que o modelo americano é o melhor. É uma auto-crítica, os Estados Unidos estão fazendo uma auto-crítica ao mal que essa política de combate às drogas com a guerra causou nesses 60 anos. E está dando resultados. Eu fui na Califórnia e eu vi\”.
O candidato também falou que o programa do governo \”diz que não dá\” para ampliar a carga tributária, inclusive da CPMF. Ele também afirmou que serão necessárias reforma da previdência, reforma trabalhista, reforma tributária, além de \”um ajuste fiscal muito severo\”.