A Uber abriu capital nesta sexta-feira (10) na bolsa de Nova York, em uma das mais esperadas estreias na bolsa de valores deste ano. A empresa levantou US$ 8,1 bilhões com a venda de ações, precificadas na quinta-feira (9) a US$ 45 cada.
Com a venda inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa foi avaliada em US$ 82,4 bilhões. A quantia levantada foi a nona maior de um IPO nos EUA e a maior desde que o Alibaba veio a público em 2014 e arrecadou cerca de US$ 21,8 bilhões.
A entrada da Uber no mercado acionário também mostra o amadurecimento das empresas de tecnologia que surgiram na época dos aplicativos, após o surgimento dos smartphones. Outros IPOs grandes desse período foram de empresas como a Snap e a Lyft, concorrente da Uber.
Fundada em 2008 para tentar solucionar o problema simples de pedir um carro, a empresa ficou conhecida pela agressividade com que entrava em novos mercados e pelo modelo que inspirou outras startups — muitas sucederam a companhia tentando ser \”a nova Uber\” em outros setores que também precisavam de inovação.
Apesar de a Uber estar abrindo capital, os números da empresa ainda são bastante em linha com as startups que gastam muito para fidelizar consumidores e ganhar espaço no mercado. Nos documentos apresentados às autoridades americanas, a empresa mostrou um prejuízo de mais de US$ 3 bilhões nas operações de 2018, e um prejuízo total de cerca de US$ 1bilhão no primeiro trimestre deste ano.
\”Não vejo a empresa gerando caixa no curto prazo por algumas questões operacionais e também de concorrência\”, disse Tiago Reis, fundador da Suno Research, casa de análise de investimentos.
Segundo os analistas Gene Munster e Will Thompson, da empresa de investimento Loup Ventures, a indústria de transporte por aplicativos continua em transição: do modelo de rede de motoristas para o modelo de \”transporte como serviço\”.
\”Nós acreditamos que essa transição, especialmente no que diz respeito à autonomia [dos carros], vai ser mais longa e mais impactante do que as pessoas pensam. A expectativa é que 2019 trará investimentos pesados e ações imprevisíveis no curto prazo\”, escreveram os analistas em nota.
Os analistas afirmaram também que, no longo prazo, empresas como Uber e Lyft \”serão bem sucedidas em capitalizar em uma indústria que vê o modelo migrar da posse do carro para o transporte baseado em serviços\”.
Embora haja o otimismo dos analistas no longo prazo, a Uber tenta não repetir o destino da concorrente Lyft. A companhia estreou na bolsa no final de março e, com um resultado trimestral de grandes prejuízos, chegou a cair 11% na quarta-feira (8). Desde que abriu capital, a Lyft já perdeu 37% do seu valor de mercado.
O atual momento do mercado, com cautela dos investidores por tensões comerciais, também não ajudou a empresa, que venceu as primeiras ações perto do valor mínimo da faixa de preço, que estava entre US$44 e US$ 50. Inicialmente, a Uber esperava ser avaliada perto de US$ 100 bilhões, o que acabou não se tornando realidade.