“Serra precisa sair em campanha e começar a louvar seus próprios méritos se quiser evitar ser lembrado como o melhor presidente que o Brasil jamais teve.” Assim a revista britânica The Economist conclui texto sobre o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), citado na edição desta semana como “forte candidato” a suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A reportagem – em tom opinativo e não assinada, conforme o padrão da revista – destaca que, após passar mais de um ano na liderança folgada das pesquisas, Serra viu cair sua vantagem em relação à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, enquanto Lula, “ainda imensamente popular após sete anos no cargo”, se dedica “energicamente a fazer campanha por sua candidata”.
A revista afirma que o pré-candidato tucano tem uma “trajetória impressionante como acadêmico, ministro e governador”, mas também o apresenta como “um personagem curioso”. “Um amigo disse que ele anunciou que seria presidente do Brasil quando tinha apenas 17 anos. Colegas o descrevem como um teimoso e notívago control freak” – a gíria norte-americana se aplica a quem procura exercer controle sobre diversas situações e pessoas.
Para a Economist, Serra terá como trunfo na campanha os investimentos realizados em estradas e no metrô da capital, em contraste com “os projetos anunciados pelo governo federal há três anos, muitos dos quais ainda não saíram do papel”. O texto ressalva, porém, que o tucano se tornou alvo de críticas por conta das enchentes que atingiram o Estado, causando cerca de 70 mortes.
A publicação, que defende o livre comércio e o livre mercado e se define como de “extremo centro”, vê semelhanças no “desenvolvimentismo” pregado por Serra e Dilma. Aponta, no entanto, que o tucano parece mais inclinado a promover reformas para melhorar os serviços públicos e acelerar o crescimento da economia.
A Economist diz que a pré-candidata petista é “ainda menos carismática” que o rival, o que abriria espaço para Serra voltar a subir nas pesquisas. Mas adverte que o “exuberante sistema partidário brasileiro”, no qual os candidatos precisam costurar amplas coalizões, “é duro com aqueles cujo trem perde impulso”.