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18 de abril de 2024Céticos devem entender que o reconhecimento pelo Parlamento sérvio do massacre de Srebrenica, quando 8 mil bósnios foram mortos, em 1995, é um avanço significativo
Há uma semana, o Parlamento sérvio aprovou uma resolução condenando o massacre de aproximadamente 8 mil homens e meninos bósnios muçulmanos de Srebrenica em julho de 1995, pouco após a conquista da cidade por forças servo-bósnias.
Mas as reações à resolução têm sido surpreendentemente vulgares e cínicas. Alguns – em especial os bósnios muçulmanos, mas não apenas eles – se queixaram de que a resolução nada valia por mencionar apenas um “crime” e uma “tragédia”, sem falar em “genocídio”. Outros dizem que o governo da Sérvia pressionou por sua aprovação apenas porque quer contar com opiniões favoráveis na União Europeia, à qual o país quer desesperadamente se juntar.
Tais respostas, entretanto, não correspondem às profundas divisões no Parlamento e no público da Sérvia, entre aqueles que apoiam a resolução e aqueles que negam toda a responsabilidade pelo massacre. De fato, na Sérvia tanto quanto em qualquer outro lugar, a política é a arte do possível. E o simples fato de a resolução ter sido proposta já é um avanço em si.
O massacre de Srebrenica foi o pior crime da guerra da Bósnia – na verdade, o pior crime de guerra cometido na Europa desde 1945. Foi também um dos atos finais do conflito; quatro meses mais tarde, os líderes exaustos de muçulmanos, sérvios e croatas foram levados a uma base aérea em Dayton, Ohio, onde assinaram um tratado encerrando os combates. A Bósnia ainda é um país profundamente dividido e disfuncional, mas a paz foi mantida.
A resolução é mais um passo na tentativa de encerrar o caso de Srebrenica. Com exceção de duas pessoas – Ratko Mladic, comandante das forças bósnias sérvias durante a guerra, e Goran Hadzic, um líder de sérvios rebeldes da Croácia -, todos os indiciados pelo Tribunal Penal das Nações Unidas para a ex-Iugoslávia tiveram de enfrentar a Justiça em Haia, incluindo aqueles que perpetraram o massacre.
Além disso, o tribunal definiu o massacre de Srebrenica como genocídio. Em 2007, a Corte Internacional de Justiça concordou – apesar de ter evitado culpar a Sérvia, dizendo que a responsabilidade de Belgrado estava em não ter evitado as mortes provocadas pelas forças servo-bósnias que apoiava e às quais fornecia suprimentos.
A ideia de aprovar uma resolução no Parlamento sérvio sobre Srebrenica não é nova, assim como não o é a ideia de reconhecer o massacre. Cinco anos atrás, o presidente sérvio, Boris Tadic, foi a Srebrenica para prestar homenagem às vítimas. Ele não assumiu responsabilidade pelas mortes em nome da Sérvia, mas ainda assim sua visita foi um gesto corajoso: muitos outros sérvios negam que um terrível crime tenha sido cometido em seu nome em Srebrenica, ou então dizem simplesmente que coisas horríveis foram feitas também aos sérvios durante a guerra, e ninguém parece pensar em pedir desculpas por elas.
A resolução da semana passada não contava com apoio amplo – foi aprovada com apenas 127 votos entre os 250 membros do Parlamento, e muitos de seus opositores também combatiam a retórica nacionalista dos anos 1990.
Como muitos sérvios, eles exigiram uma resolução condenando todos os crimes cometidos durante as guerras na ex-Iugoslávia, especialmente aqueles que tiveram os sérvios como alvo.
Assim, a resolução é um marco político. E ainda que não inclua a palavra “genocídio”, ela torna ainda mais difícil a negação do massacre e as alegações de que o número de vítimas teria sido exagerado.
Ainda assim, o governo sérvio vê-se numa posição na qual é impossível agradar a todos. Se Belgrado nada fizesse, os sérvios continuariam sendo acusados de não reconhecer o passado. Mas agora que o governo tomou uma atitude, é acusado de agir tendo em vista motivos ulteriores.
É uma pena. A resolução é muito melhor do que nada – e supera em muito as desculpas pedidas por outros países por crimes hediondos cometidos em seus nomes.