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18 de abril de 2024Enquanto os especialistas debatem o destino da combalida moeda europeia, a libra esterlina parece prestes a entrar em seu próprio pesadelo. Os temores de que os problemas de dívida da Grécia possam contaminar outros países europeus derrubaram o euro em relação ao dólar em 1,4% na semana passada, para US$ 1,3665. Mas a libra sofreu ainda mais e caiu 2,2% em relação ao dólar, para US$ 1,5631, a menor cotação desde maio. A moeda britânica se desvalorizou um pouco até em relação ao euro, sugerindo que os operadores estão também preocupados com o Reino Unido e suas finanças, enfraquecidas pela recessão.
A libra e o euro se recuperaram um pouco ontem com a especulação de que os políticos europeus poderiam encontrar uma maneira de socorrer a economia grega na reunião da União Europeia nesta semana. A libra fechou ontem em US$ 1,5701 em Nova York, ante US$ 1,5599 na segunda, enquanto o euro subiu para US$ 1,3784, ante US$ 1,3660 um dia antes. Enquanto isso, o euro subiu para 123,48 ienes, ante 121,97 ienes na segunda-feira. Já o dólar subiu de 89,30 ienes para 89,58 ienes e se desvalorizou perante o franco suíço, de 1,0725 para 1,0643.
Há vários motivos para se preocupar com a libra nos próximos meses. O primeiro é a eleição britânica, que deve ser realizada em 3 de junho. As pesquisas de opinião mais recentes sugerem que o Partido Conservador, que está na oposição, pode derrotar por uma pequena margem o Partido Trabalhista do primeiro-ministro Gordon Brown. Isso pode resultar no primeiro Parlamento britânico “hung”, ou sem maioria, desde 1974. Num cenário como esse, o partido vencedor não consegue uma maioria absoluta e tem dificuldades para aprovar as legislação que venha a propor.
A paralisação política ocorreria num momento especialmente ruim para o Reino Unido, que tem um dos maiores déficits orçamentários do mundo industrializado, atualmente em 12,6% do PIB. As agências de classificação de risco e investidores como a gigante americana da renda fixa Pacific Investment Management Co. já criticaram o Reino Unido por não diminuir com mais agilidade o enorme déficit. Um dos maiores riscos é que o partido vencedor opte por consolidar seu apoio com novas eleições, adiando as reformas fiscais necessárias. Manobras como essas poderiam custar ao Reino Unido sua nota de crédito “AAA” e motivar uma baixa nos ativos em libras à medida que os investidores transfiram recursos.
O segundo problema é a moribunda economia britânica, que quase não conseguiu sair da recessão no fim de 2009. A fraqueza deve dificultar que o Banco da Inglaterra aumente a taxa básica cedo. Juros de curto prazo elevados aumentam o retorno do investidor e tornam a moeda mais atraente.
“As pessoas estão começando a reavaliar a libra”, diz Simon Derrick, analista de câmbio do Bank of New York Mellon em Londres. “O que nos tem preocupado é o que um Parlamento ‘empatado’ vai fazer.” Derrick diz que a libra pode cair para menos de US$ 1,50 à medida que a eleição se aproxime. (O que ainda assim não atingiria o nível mais baixo dos últimos anos, de US$ 1,3747 em março de 2008.)
Poucos analistas esperam que o Reino Unido enfrente o tipo de temor de moratória que atualmente assola a Grécia. Os administradores da dívida do Tesouro britânico conseguiram até emitir ontem 2 bilhões de libras (US$ 3,2 bilhões) em títulos de longo prazo. O endividamento do Reino Unido – em contraponto ao déficit orçamentário – não chega nem perto do da Grécia. E, diferentemente dos 16 países da zona do euro, o país tem sua própria moeda, o que significa que pode simplesmente imprimir mais dinheiro para pagar a dívida, embora essa estratégia também tenha seu ônus, como a possibilidade de inflação e consequentemente de alta nos juros.
Os investidores estão claramente preocupados com a possibilidade de problemas no mercado britânico, diante da semelhança da situação atual com a dos problemas fiscais de 1967, 1976 e 1992. O Reino Unido foi socorrido pelo Fundo Monetário Internacional em 1976. E em março de 2009 um leilão de títulos do país fracassou pela primeira vez em 14 anos.
Stuart Thomson, gestor da Ignis Asset Management, de Glasgow, Escócia, espera que a libra se desvalorize em relação ao dólar e o euro nos próximos meses por causa da incerteza diante da eleição. Ele diz que há uma chance de 20% a 25% de que o Reino Unido perca a nota máxima de crédito. “O problema é a situação política.”
Os investidores estão exigindo um retorno maior para aplicar em títulos soberanos do Reino Unido em vez de nos títulos do governo alemão, considerados os melhores da Europa. O spread entre o rendimento do título padrão de dez anos do governo britânico e o equivalente alemão é de 0,81 ponto porcentual, ante 0,19 ponto porcentual em outubro.
A pressão sobre a libra esterlina também pode vir de fora do país. Analistas dizem que o dólar pode se valorizar à medida que a economia americana se recupere e chegue o momento de o Federal Reserve, o banco central americano, começar a aumentar os juros. É uma mudança em relação ao pessimismo sobre o dólar que predominou durante a maior parte do ano passado. Uma grave crise de dívida soberana na Europa, enquanto isso, provavelmente desvalorizaria a libra em relação ao dólar.
Mas os parlamentares ainda podem descobrir um jeito de se entender mesmo com o parlamento empatado. Os três principais partidos já enfatizaram a necessidade de fortalecer as enfraquecidas finanças do Reino Unido. E a desvalorização da libra não é necessariamente algo ruim, já que facilita as exportações de produtos britânicos. O fortalecimento das exportações, por sua vez, pode ajudar a economia britânica a se recuperar.