Decisão do STF exige transcrição completa de escutas telefônicas
14 de fevereiro de 2013Governo prepara projeto para substituir fator previdenciário, diz jornal
18 de fevereiro de 2013A manutenção dos juros em seu menor patamar histórico e a mudança nas regras de remuneração da caderneta de poupança estão levando investidores a procurar aplicações financeiras que possam ser mais rentáveis este ano. A maioria não quer correr grandes riscos em aplicações financeiras como ações: pesquisa encomendada no fim do ano passado pela BM&FBovespa, já num cenário de juro mais baixo, mostrou que apenas 1% dos brasileiros tem investimentos em renda variável. Nessa hora, por falta de educação financeira, muita gente acaba sendo vítima de “pegadinhas” que, em vez de potencializar os ganhos, acabam reduzindo a rentabilidade. Confira dez armadilhas que podem prejudicar o investidor que está procurando alternativas à poupança na renda fixa, segundo especialistas:
1 – Inflação – Mesmo em níveis mais baixos do que no passado, a inflação corrói o poder de compra das pessoas. Se uma aplicação financeira oferece um ganho menor do que a alta do custo de vida, na prática, o investidor não tem rentabilidade real. A poupança, por exemplo, quase empatou com a inflação e ofereceu um ganho real pífio. Na ponta do lápis, em 2012, o rendimento real da caderneta foi de 0,6%, o menor desde 2004. Rodrigo Souza, diretor da HP Invest, uma assessoria de investimento, alerta que é preciso comparar o rendimento oferecido pelos fundos de renda fixa com a inflação projetada para saber de quanto será a rentabilidade real.
2 – CDI não é taxa fixa – Os bancos passam ao cliente a impressão de que o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é uma taxa fixa, sem variação, de cerca de 1% ao mês. Na verdade, a taxa mensal do CDI equivale atualmente a cerca de 0,65% e ela não é fixa. O CDI é negociado exclusivamente entre bancos, e sinaliza aos investidores o custo do dinheiro no mercado interbancário. Essas transações são realizadas por meio eletrônico e registradas na Cetip (Câmara de Custódia e Liquidação). A taxa média diária do CDI é usada como referência para o custo do dinheiro (juros). Ela é variável e oscila conforme a expectativa de elevação ou redução da taxa básica da economia brasileira, a Selic, atualmente em 7,25% ao ano.
3 – Cobrança de taxa de performance – Muitos gestores de fundos de investimento cobram uma taxa de performance quando conseguem um retorno melhor do que um determinado indicador, como o CDI. Mas a cobrança dessa “taxa de sucesso” nem sempre é informada com clareza ao cliente e nem a maneira como ela é cobrada. Em tempos de juros baixos, fixar uma taxa de performance de um fundo de renda fixa que oferece mais do que 100% do CDI reduz a rentabilidade. Considerando Imposto de Renda e taxa de administração, que também são cobrados, é bem provável que o fundo renda abaixo da poupança em alguns casos. Faça as contas.
4 – Ganho além do CDI – Muitos bancos oferecem como remuneração de seus produtos de renda fixa, 100% da taxa do CDI mais um percentual extra. O que os gerentes de bancos esquecem de dizer, lembra Rodrigo Souza, da HP Invest, é que o percentual extra incide apenas sobre o CDI e não sobre todo o investimento. O banco não vai remunerar o CDB em 0,65% (100% da rentabilidade do CDI) mais 4%, por exemplo. O banco dará ao cliente os 0,65%, mais 4% sobre o CDI. Portanto, a rentabilidade do CDB oferecido será de 0,68%. O investidor precisa ficar atento a isso.
5 – Cuidado com o CDB Progressivo – Os CDBs Progressivos são uma modalidade de aplicação em que o percentual do CDI que baliza a remuneração aumenta com o tempo de aplicação. O problema é que, num cenário de queda de juros, existe o risco de que o CDI caia. Se isso acontecer, os 100% do CDI que hoje representam uma rentabilidade de cerca de 0,65%, se transformem em 0,55%.
6 – Venda casada – O Código de Defesa do Consumidor proíbe esta prática. Ela acontece quando o consumidor, ao adquirir um produto, é obrigado a levar outro. Há casos em que para conseguir a aprovação de um empréstimo, o cliente leva um título de capitalização ou seguro. Isso também acontece em produtos financeiros. Com a promessa de conseguir uma rentabilidade melhor, o cliente que aplicou no CDB é obrigado a levar também um título de capitalização, seguro ou um novo cartão de crédito.
7 – Título de capitalização – Os populares títulos de capitalização não são produtos de investimento. Os títulos são vendidos com o argumento que de remuneram como a poupança, além da possibilidade de concorrer a prêmios em sorteios. Na verdade, os títulos de capitalização não têm rentabilidade mínima. Parte do pagamento mensal vai para a “cota de sorteio”. Além disso, incide sobre eles a “taxa de carregamento”, cobrada pelos bancos para administrar o produto, pagar encargos, e que garante o lucro da instituição. Só a parte da chamada “cota de capitalização” é que será aplicada e remunerada. Na ponta do lápis, do primeiro pagamento feito pelo cliente, em média 87,7% ficam para o banco. A partir do segundo mês, 4,1% ficam com a instituição e 93,5% vão para a capitalização. Os 2,2% restantes são para os prêmios. Além disso, estes produtos têm carência de, em média, cinco anos. O cliente só vai recuperar o dinheiro, que talvez tivesse “rendido” mais embaixo do colchão, este prazo.
8 – CDB como primeira opção – Por que os bancos gostam tanto de oferecer Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) como principal produto de renda fixa? Porque o CBD é uma forma dos bancos se capitalizarem com dinheiro mais barato. As instituições remuneram os investimentos de renda fixa com uma taxa do CDI (normalmente menos de 100%) e emprestam o dinheiro aos mesmos clientes com taxas de mais de 2% ao mês.
9 – Banco pequeno – Quem aplica em banco pequeno não perde tudo se a instituição quebrar. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que administra um mecanismo de proteção aos correntistas e poupadores. Cobre diversas formas de aplicação, em caso de quebra da instituição. O limite máximo por CPF é de R$ 70 mil. E a cobertura vale tanto para bancos pequenos ou grandes, o que nem sempre é explicado aos clientes.
10 – Grandes aplicadores têm melhor retorno – Na prática, os bancos entregam uma rentabilidade de mais de 90% do CDI apenas para clientes com grande volume de investimentos. Mesmo assim, o retorno máximo não ultrapassa 98%. Em corretoras independentes, a rentabilidade pode ser igual ou até maior que nos bancos, mesmo para pequenos investidores, já que as negociações são feitas diretamente com a mesa de operações das instituições financeiras.