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18 de abril de 2024O IBGE alterou, no Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2008, o cálculo de ajuste sazonal das informações econômicas em relação ao terceiro trimestre. O instituto considerou o resultado deste período muito atípico, um verdadeiro ponto fora da curva – ou “outlier” na expressão em inglês utilizada em estatística – e incorporou essa variável na conta do PIB. Desde o quarto trimestre de 1996 essa ferramenta não era adotada pelo instituto e o resultado, uma queda de 3,6% no período, ficou em desalinho com boa parte das projeções de mercado (entre menos 2,2% e menos 2,6%). Os erros foram menores nas projeções para o quarto trimestre em relação a igual período de 2007, para cuja conta não é feito ajuste sazonal.
Segundo Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, o recurso está inserido no modelo de cálculo da série com ajuste sazonal e não representa alteração da metodologia do PIB. “É um ponto fora da curva identificado pelo modelo e que pode ter sua importância diminuída por ele”, explica. Movimentos deste tipo também podem ser usados positivamente, como em 1994, quando o IBGE usou a mesma ferramenta para incorporar ao cálculo sazonal o forte aumento do investimento decorrente do Plano Real.
Para averiguar se a influência da crise é mesmo atípica ou não, Olinto afirma que será preciso esperar o primeiro trimestre para “ver o que vai acontecer”. Só então será possível identificar se o fator é de excepcionalidade ou se deve ser inserido na série. Isso significa que o número do quarto trimestre deve ser revisado, mas Olinto diz não saber ainda se essa revisão levaria o menos 3,6% a melhorar ou piorar.
A mudança gerou um curto-circuito de informações porque, a partir da mudança, algumas consultorias passaram a calcular que o PIB do primeiro trimestre será positivo em relação ao quarto trimestre de 2008, o que tiraria o país da chamada “recessão técnica” – dois trimestres consecutivos de queda no PIB. Olinto, do IBGE, considerou essas avaliações como uma “insinuação de manipulação”. “Isso bate na credibilidade da equipe”, desabafou o coordenador, repetindo que o ajuste está previsto no modelo de cálculo do IBGE e não configura mudança de metodologia.
A LCA consultores, que esperava baixa de 2,2% no PIB do quarto trimestre, ante os três meses imediatamente anteriores, acredita que o ajuste do IBGE reforçou o resultado ruim do quarto trimestre de 2004 e vai permitir um resultado positivo nos primeiros três meses do ano. Opinião semelhante é compartilhada pela Rosenberg & Associados, que divulgou que “com este novo método de dessazonalização, contudo, o primeiro trimestre deve exibir um comportamento melhor do que ocorreria com o método anterior”.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica que as metodologias de ajuste sazonal captam eventos típicos, que se repetem todos os anos, como Natal e Páscoa, mas não os extraordinários. E o que o IBGE fez (ao mudar o cálculo da dessazonalização) foi justamente agregar um evento considerado “fora da curva” pela magnitude da queda. Vale esperava alta de 1,4% na comparação com o quarto trimestre de 2007 e o IBGE apontou 1,3%. Em relação ao terceiro trimestre, a projeção era de 2,5%.