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18 de abril de 2024Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo e pediu “calma” no debate público que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Henrique Meirelles, vêm travando sobre os rumos da taxa básica de juros da economia, a Selic. Desde que voltou de férias, há pouco mais de uma semana, Mantega vem soltando os cachorros contra uma nova elevação dos juros amanhã. Ele alega que o Copom pode até dar mais “uma pauladinha” nos juros para satisfazer o mercado, mas indicar que o arrocho acabou, pois os riscos inflacionários se dissiparam e o ritmo de crescimento do país diminuiu consideravelmente.
Meirelles, por sua vez, vem difundido a visão de que tem todo o apoio de Lula “para fazer o que for necessário” para manter a inflação dentro das metas. Assessores do chefe do BC dizem que o presidente da República reconhece, sempre que possível, o “trabalho excepcional” feito pela instituição durante a crise mundial e no controle à alta dos preços. Alegam ainda que Lula não quer ver a inflação subindo ao longo da campanha presidencial, pois conta com os votos dos mais pobres — os que mais o apoiam — para eleger a petista Dilma Rousseff como a sua sucessora.
Mudança
Por conta desse debate político e das incertezas ainda presentes no cenário econômico, o mercado vem mudando abruptamente de posição. No início da semana passada, eram poucos os analistas que acreditavam que o Copom poderia promover uma elevação mais suave na taxa Selic. Agora, na véspera da reunião, as apostas estão divididas. Segundo a Prosper Corretora, cerca de 40% dos analistas acreditam em um aumento de 0,50 ponto, enquanto a expectativa da maioria é de um novo aperto de 0,75 ponto. “É prematuro interromper o ritmo da alta da Selic de 0,75 ponto percentual nesta reunião de julho, pois é clara, na ata de junho e no relatório de inflação, a deterioração do cenário prospectivo e não corrente da inflação”, disse Eduardo Velho, economista-chefe da corretora.
Velho atribui à divisão às vésperas do Copom o fato de o mercado de juros futuro voltar a registrar queda das taxas. O Depósito Interbancário (DI) de outubro de 2010 recuou de 10,92% para 10,85%, enquanto que a taxa para janeiro de 2011 caiu de 11,15% para 11,08%. Há entre os analistas quem já vislumbre uma “parada técnica” no ciclo de aperto monetário na reunião de setembro, antes das eleições. Outros apostam justamente no contrário: que o BC vai usar todas as armas de que dispõe agora para domar a inflação e evitar o risco de a escalada de preços corroer a base eleitoral do governo.
Antecipando-se sobre setembro, o mercado faz três apostas: mais uma alta de 0,75 ponto percentual, uma alta de 0,50 ou mesmo um pequeno ajuste de 0,25. Para as apostas convergirem, será importante o tom que o BC adotará no comunicado oficial e a sinalização que a nova ata poderá trazer.
O número
0,75 ponto percentual
Expectativa de aumento da taxa Selic pela maioria dos analistas. Mas 40% deles já apostam em elevação de 0,50 ponto
Cai crédito a empresas
O sinal mais evidente do apoio do Palácio do Planalto ao comandante do Banco Central, Henrique Meirelles, foi dado por Lula em seu programa semanal de rádio Café com o Presidente que foi ao ar ontem. Lula exaltou as medidas usadas pela autoridade monetária para frear a economia e as avaliou como necessárias para conter a alta de preços aos consumidores. Mas, a despeito da bênção presidencial, a consultoria Serasa Experian alerta que a desaceleração nos preços provocada pela alta da Selic começaram a afetar o setor produtivo. Pelo terceiro mês seguido, a demanda das empresas por crédito recuou. Em junho, caiu 0,7% frente a maio.
“Quando a economia cresce muito, que a demanda fica muito forte e que as pessoas começam a comprar mais do que aquilo que a gente tem capacidade de produzir, a gente tem de volta uma coisa chamada inflação, que nós não queremos que volte”, explicou Lula, pelo rádio. Contudo, enquanto a política monetária fazia as pessoas comprarem menos para aliviar a demanda nas fábricas, levou as empresas a buscarem menos crédito para investimentos. Com o desaquecimento, o resultado foi uma queda acentuada na procura por crédito nos indicadores da Serasa do segundo trimestre do ano.
As médias empresas foram as mais afetadas. No primeiro semestre, acumularam um tombo de 8,3% na busca por financiamentos. “Agora, no segundo semestre, é que vamos começar a sentir realmente o impacto da alta dos juros”, explicou Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa.