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18 de abril de 2024Segundo especialistas, papéis devem ter desempenho volátil até que detalhes da capitalização, que pode superar R$ 100 bilhões, sejam anunciados
Quem achava que a aprovação do projeto de capitalização da Petrobrás significaria o fim da instabilidade das ações da empresa se enganou. Na quinta e na sexta-feira, dias que se seguiram ao sinal verde do Congresso ao projeto do governo, os papéis mantiveram o comportamento volátil dos últimos meses. Sexta, as ações preferenciais (PN) caíram 1%, para R$ 29,60.
A explicação dos analistas para o desempenho é também um alerta para investidores mais afoitos: a volatilidade deve continuar até que todos os detalhes da operação sejam definidos. O valor total da oferta de ações será estabelecido em 22 de junho, na assembleia de acionistas.
Até que essas informações sejam públicas, a recomendação é de cautela – tanto para quem já é acionista e pensa se vai ou não subscrever a operação quanto para quem ainda não é e cogita comprar papéis da companhia.
“Precisamos saber exatamente o valor da cessão onerosa (parte do governo na capitalização, que será paga com barris de petróleo do pré-sal), além dos planos de investimento da empresa e detalhes do contrato”, afirma Mônica Araújo, da Corretora Ativa.
“Por mais que seja uma empresa representativa, tem de ter cautela porque a volatilidade vai continuar”, emenda Victor de Figueiredo, da corretora Planner.
Do início do ano até agora, as ações da Petrobrás registraram desvalorização de 18,12% – período em que o Índice Bovespa caiu 7,27%. A perda dos papéis da estatal, segundo analistas, é reflexo de três fatores: as indefinições sobre a capitalização, a crise fiscal na Europa e o desastre ambiental no Golfo do México provocado pelo acidente em uma plataforma da britânica BP.
“Mas o principal deles, sem dúvida, foram as incertezas em torno da capitalização”, diz Figueiredo. “É uma grande operação, com várias etapas a definir, e houve um atraso na resposta dessas etapas.” Só com os dados detalhados em mãos, dizem, será possível avaliar os prós e contras do investimento.
Os analistas lembram que, como se trata da maior capitalização em curso no mundo, estimada em R$ 100 bilhões, é muito provável que todos os investidores pessoa física que se interessarem pela operação consigam garantir sua participação. Ou seja, não é preciso correr para se decidir.
No limite. Mas por que a decisão tem impactado tanto as ações da estatal? Sem a capitalização, o nível de endividamento líquido (fruto da relação entre endividamento e patrimônio líquido) da Petrobrás, que chegou a 32% no fim do primeiro trimestre, pode estourar até setembro.
No caso de uma empresa desse setor, estourar significa ultrapassar 35%. Esse é o nível máximo permitido pelas agências de classificação de risco para garantir a essas companhias o selo de qualidade conhecido como grau de investimento.
Mesmo com as inúmeras incertezas, há quem diga que comprar os papéis da Petrobrás para garantir a participação no processo de capitalização – já que terá preferência quem já é acionista – promete ser um bom negócio.
Júlio Mora, operador sênior da Corretora TOV, é um deles. Para Mora, é certo que, após a capitalização, a Petrobrás terá ganhos muito significativos, sobretudo pelo desenvolvimento do pré-sal. “Não dá para perder a oportunidade”, afirmou.
PONTOS IMPORTANTES
22 de junho
É a data em que o mercado
deve conhecer os detalhes da capitalização da estatal
Informações
O dado mais importante será o valor da cessão onerosa, que definirá o custo de extração dos 5 bilhões de barris cedidos pela União à companhia para que a capitalização ocorra
Segundo semestre
O mercado espera que a capitalização ocorra antes das eleições, marcadas para outubro
Acionistas
Quem for acionista da estatal terá prioridade na aquisição
das ações no momento
da capitalização
Endividamento
O nível de endividamento líquido da companhia estava em 32% no fim do primeiro trimestre. O limite exigido pelas agências de classificação de risco em companhias com grau de investimento – como a Petrobrás – é de 35%. Se a capitalização não ocorrer, o risco de perder a nota é muito grande