O apresentador Luciano Huck foi questionado nesta quinta-feira, 23, em um almoço-painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, a respeito de uma futura candidatura à Presidência da República e não refutou a possibilidade. Enrolou, falou de Amazônia, que não tinha nada a ver com a pergunta, mas acabou concluindo, para risos da plateia que acompanhava a palestra: \”Sua pergunta é muito difícil. Não tenho a resposta nem para mim mesmo\”, afirmou.
Mais do que não negar a possibilidade, Huck deu justificativas de por que pode acabar trilhando este caminho.
Para o apresentador, há \”muitas maneiras\” de se engajar nas mudanças que o País precisa e \”entrar para a política é uma delas\”, afirmou. Mas também listou outras iniciativas que poderiam ser tomadas, como fomentar, inclusive por meio de financiamento, a qualificação de novos talentos da política – algo que já faz, por meio da parceria com os movimentos de renovação, que, por sua vez, são vistos como a plataforma inicial, anterior inclusive aos partidos, para seu lançamento na política.
\”Todas as decisões que tomamos na vida são políticas\”, afirmou o apresentador, que está circulando em Davos com a barba, branca, crescida.
O \”lançamento\” da candidatura foi feito por Raiam Pinto dos Santos, que estava na audiência do almoço-painel, se apresentou como empreendedor e quis saber que garantias Huck daria de que seu projeto é para valer.
Para o presidente do Cidadania, Roberto Freire, uma das figuras do meio político com quem Huck tem conversado – e que estimula que a possibilidade de o nome do apresentador estar nas urnas se concretize -, a participação em Davos teve dois propósitos: primeiro, ajudar a tirar algum preconceito que possa existir com o fato de Huck ser um apresentador de TV. \”Ele vem mostrar capacidade\” e conhecimento das questões do País. Em segundo lugar, segundo Freire, as falas de Huck demonstram que ele \”está admitido a possibilidade\” de efetivamente entrar na disputa de 2022.
Huck, que é ligado aos movimentos de renovação política RenovaBR e Agora!, já vinha declarando que é preciso \”restaurar\” as lideranças políticas nacionais. Em janeiro, ele havia publicado um artigo com a defesa dessa ideia no site do próprio Fórum Econômico Mundial. Ele também já fez críticas à condução das políticas ambientais no País sob o governo Jair Bolsonaro e, na semana passada, foi um dos que criticaram o vídeo com citações nazistas do então secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, antes de o presidente decidir demiti-lo.
O apresentador tem se aproximado de políticos como Freire, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung e mantido diálogos com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). A movimentação já fez ele ser alvo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que Huck \”não representa a centro-esquerda\”, mas sim \”a TV Globo\”. Já o deputado Marco Feliciano (sem partido-SP), aliado da família Bolsonaro, o chamou de \”comunista\” na semana passada.
Na quarta-feira, 22, Huck já havia gravado um vídeo e publicado em suas redes sociais, em que apresentou o Fórum Econômico Mundial. \”É um daqueles eventos para tentar fazer o mundo um lugar mais igualitário, mais justo, e para repensar um pouco os fundamentos do capitalismo\”, disse o apresentador. \”Como estou numa fase da vida que quero aprender, onde fazer pergunta é mais legal do que saber resposta, eu estou aqui\”, completou. Ao explicar o evento, ele disse que o encontro não era \”uma seita secreta para definir os rumos do mundo.\”