O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, criticou nesta segunda-feira, 29, a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de alugar uma nova sede em Brasília.
\”Isso é a realidade de Brasília, nossa ilha da fantasia. Aqui, a importância de um órgão público é medida pelo tamanho e suntuosidade de sua sede. Construída a enorme sede, é preciso enchê-la de gente que, para justificar sua existência, inferniza a vida de cidadãos e empresas. E assim seguimos expandindo o monstro estatal\”, afirmou ele.
A reportagem do jornal mostrou que o CNJ, órgão que tem como atribuição fiscalizar o Poder Judiciário, se organiza para transferir sua estrutura para um novo prédio, de 30,9 mil metros quadrados, ao custo anual de R$ 23,3 milhões, incluindo condomínio.
A principal justificativa é a necessidade de dar mais \”espaço\” aos funcionários e garantir maior \”proximidade\” com o Supremo Tribunal Federal. A atual sede fica a dez minutos da Corte. Segundo cálculos do próprio CNJ, os gastos, que incluem aluguel e condomínio, representam 16,68% das verbas discricionárias do conselho, estimadas em R$ 139,6 milhões para este ano.
A proposta de ocupar o edifício com vista de 360 graus do Plano Piloto da capital federal, fachada espelhada, jardins externos e espelhos d\’água partiu de Richard Pae Kim, juiz auxiliar do presidente do CNJ, ministro Dias Toffoli – que preside também o Supremo Tribunal Federal (STF).
No documento enviado à diretoria-geral do órgão, ele destacou que era \”oportuno avaliar a conveniência de a sede do CNJ permanecer localizada tão distante do Supremo e dos demais tribunais superiores\”.
No documento a que o Estado teve acesso, o juiz auxiliar de Toffoli afirma ainda que a mudança \”certamente contribuiria para o seu fortalecimento institucional, dando maior visibilidade ao órgão\”.
Atualmente, a sede do conselho e suas dependências funcionam em três blocos de prédios na Asa Norte, região central de Brasília, a menos de dez quilômetros do Supremo. Dois desses imóveis foram cedidos pela União e não geram custos de locação. Apesar de avaliar a mudança para um espaço maior, o CNJ deverá continuar usando dois dos três prédios que ocupa atualmente: num deles mantém uma sala-cofre e no outro um berçário.
A mudança foi criticada no domingo, 28, pela deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP). \”Quando chegará o momento em que leremos notícias de que instituições decidiram mudar suas sedes para economizar o dinheiro público?\”, questionou a parlamentar.
A assessoria do CNJ afirma que os prédios usados atualmente como sede são \”distantes\” dos tribunais superiores e a área de 12 mil metros quadrados está \”muito aquém de sua necessidade\”. \”Como exemplo dessa necessidade, apontamos: insuficiência do espaço destinado ao plenário para atendimento do público externo e interno; insuficiência de espaço para as reuniões das dezenas de grupos e comissões atuantes no órgão; e insuficiência de espaço para a realização de oitivas e audiências pelos conselheiros da Casa.\”
O órgão informou ainda que o processo está em fase de instrução e a mudança somente será definida após a tomada das decisões pela administração do CNJ. O conselho ressaltou que, caso se efetive a mudança, o custo por metro quadrado de aluguel gasto cairá de R$ 52,88 para R$ 30,78. A nova sede, no entanto, terá 30,2 mil metros quadrados, o equivalente a três vezes o tamanho do espaço ocupado hoje, com 9 mil metros quadrados. Ou seja, o valor sairá mais caro.