Aéreas cortam voos e elevam as passagens

Corte do número de assentos disponíveis mais aumento do valor das tarifas é igual a desaceleração do ritmo de crescimento no mercado de aviação brasileiro. Num ano de forte turbulência, a demanda por voos domésticos em 2012 teve a menor variação em relação ao anterior desde 2003, quando o setor apresentou retração de 5,89%. Pela terceira vez em uma década, o total de viajantes aumentou menos de dois dígitos em um ano, ainda assim tendo se expandido 6,79%. Em contrapartida, a taxa de aproveitamento de vagas (comparativo entre oferta e demanda) atingiu recorde anual, com 72,95% das vagas nas aeronaves preenchidas no ano passado.

Desde o segundo semestre do ano passado, as grandes companhias têm reduzido a oferta como estratégia de alcançar melhores resultados diante principalmente de um cenário de combustíveis elevados e câmbio desfavorável. Com isso, o impacto no custo das passagens aéreas é direto. O preço dos bilhetes subiu26% no ano passado, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foi um dos destaques do grupo Transporte. Para ter ideia, o IPCA geral, considerado a inflação oficial do país, fechou 2012 com alta de 5,84%.

Em documento encaminhado pela Gol aos investidores, a companhia aérea confirmou o que foi possível verificar ao longo dos últimos meses do ano passado. Em dezembro, a empresa fechou com yield líquido (valor médio pago por um passageiro para voar um quilômetro ) 7% superior ao verificado no mesmo mês de 2011, ficando entre R$ 23 e R$ 23,50. Considerando o quarto trimestre, a alta foi de 5%. “A Gol continuou com a estratégia de racionalização da oferta no mercado nacional. A empresa, com o objetivo de acelerar a retomada das margens operacionais positivas, apresentou uma redução de 5,4% em sua oferta doméstica na comparação anual”, diz o texto.

Otimismo

Na semana passada, a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) divulgou os dados referentes às cinco maiores empresas do setor (Tam, Gol, Avianca, Azul e Trip) e em tom levemente otimista definiu expectativa de crescimento de 9% a 9,5% na demanda do setor aéreo brasileiro nesTe ano, dependendo do crescimento da economia.

Segundo o consultor técnico da associação, Adalberto Febeliano, como em 2012 houve redução da oferta, o aproveitamento cresceu no período. “Esse comportamento é reflexo de um ano em que o setor enfrentou muitas dificuldades”, afirma o consultor.

Com as medidas, a Gol voltou a perder espaço no mercado aéreo nacional, tendo caído sua participação de 35% para 34,4% no comparativo entre os dois últimos anos, enquanto a TAM avançou 3,2 pontos percentuais (p.p.), aumentando a diferença na liderança. A companhia detém agora 43,66% do setor. A Azul teve leve crescimento, atingindo 10,45%, seguida por Avianca e Trip, com fatia de 6,45% e 4,53%, respectivamente.

No embalo do carnaval

Os foliões estão animados com o feriado de carnaval. As vendas de pacotes estão praticamente lotadas. Quem deixou para última hora vai pagar até 25% mais caro. Isso se encontrar opções. “Os pacotes nacionais foram a grande surpresa. Muita gente que não viajou em janeiro optou por sair em fevereiro”, afirma José Carlos Vieira, diretor da Acta Turismo.

Os destinos mais procurados dentro do país são Porto Seguro (BA), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Natal (RN), Maceió (AL), Gramado (RS) e os cruzeiros marítimos. Nas rotas internacionais estão Cancún, Punta Cana, Buenos Aires, Chile e Estados Unidos. Segundo Vieira, os preços dos pacotes de carnaval tiveram neste ano alta de 15% para os destinos nacionais e 10% para os internacionais, na comparação com 2012. “O dólar estava mais barato na semana santa do ano passado”, explica.

Na operadora de turismo Interpool, cerca de 90% dos pacotes já estão vendidos neste ano. “Desde o réveillon até agora já tivemos crescimento de 20% nas vendas na comparação com o ano passado. Vamos ter menos feriado neste ano e muitos caem no sábado”, observa Paulo Testa, diretor da Interpool. Na sua avaliação, a rede hoteleira e as companhias aéreas vão precisar olhar com mais atenção para o período da baixa temporada, quando as vendas tendem a cair.