As duas maiores entidades representativas de juízes do país
divulgaram hoje (23) nota em que se dizem “preocupadas” com o texto do
novo Código Florestal. Segundo a Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), o novo
código tem inconsistências legais, que abrem brechas para futuros
questionamentos na Justiça.
As associações afirmam que o regramento pode criar “perplexidade” nos
juízes encarregados de aplicar a lei se os defeitos e imprecisões não
forem corrigidos a tempo. “Uma avalanche de ações judiciais somente
contribuirá para intranquilizar os produtores rurais, sobretudo o
pequeno, bem como a sociedade”, ressalta trecho da nota.
O texto segue com um apelo aos demais Poderes, pedindo “discernimento”
da presidenta Dilma Rousseff e “elevado espírito público” dos membros do
Congresso Nacional para resolver as questões ambientais.
A presidenta Dilma Rousseff tem até a próxima sexta-feira (25) para
sancionar ou vetar – parcial ou totalmente – o texto do novo Código
Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 25. O texto
do Congresso Nacional chegou à Casa Civil no último dia 7.
Mais cedo, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse
a presidenta pode antecipar em um dia sua decisão sobre possíveis vetos
e decidir sobre o que pode ou não ser aproveitado até amanhã (24). O
texto do Código Florestal aprovado pelos deputados desagradou
ambientalistas e não era a versão que o Palácio do Planalto esperava
aprovar. Durante a tramitação no Senado, antes da votação final na
Câmara, o governo conseguiu chegar a um texto mais equilibrado, mas a
bancada ruralista na Câmara alterou o projeto e voltou a incluir pontos
controversos.
Entre os pontos polêmicos da nova redação da lei florestal está, por
exemplo, a possibilidade de anistia a quem desmatou ilegalmente e a
redução dos parâmetros de proteção de áreas de preservação permanente
(APPs).