Cerca de 300 passageiros tiveram seus direitos básicos
desrespeitados, na madrugada desta quarta-feira, depois que um voo da
TAM para Nova York, que deveria decolar às 23h05m desta terça-feira, ter
sido cancelado. Segundo os próprios passageiros, funcionários da
companhia teriam afirmado que esse voo e outros dois, para Paris e
Londres, atrasariam porque a empresa responsável pela entrega dos
alimentos não tinha providenciado as refeições que seriam servidas
durante a viagem.
Quando a alimentação chegou, trouxe junto outro
problema. Com o atraso provocado pela empresa de serviço de bordo, a
carga horária da tripulação seria extrapolada. Os passageiros que iriam
para França e Inglaterra conseguiram embarcar, pois havia tripulação
reserva. Já o voo que iria para Nova York teve de ser cancelado por
falta dos profissionais extras.
A sucessão de aborrecimentos
sofridos pelos passageiros não parou por aí. Segundo a lei, após duas
horas de atraso, é obrigação de a empresa aérea fornecer comida aos seus
clientes, e após quatro horas, hospedagem. Contudo, nada disso foi
providenciado.
No meio da madrugada, foi informado que o voo
decolaria às 11h desta quarta-feira, com doze horas de atraso. Todos –
após já terem feito o primeiro check-in entre 19h e 21h, e depois de
saberem do cancelamento do voo, o check-out – precisaram novamente
entrar na fila para despachar suas bagagens.
E os problemas
continuaram a surgir. Os atendentes da TAM marcaram os assentos do novo
voo aleatoriamente. Um casal de Porto Alegre, de férias com os filhos,
estava no aeroporto desde as 15h de terça-feira e não aceitou essa
alteração. O médico Marcelo Caldeira, de 49 anos, reclamou do fato de
ter pago passagens mais caras para sua família e tentarem os alocar em
outras poltronas.
– Essa é a nossa viagem de férias e já começa
dessa maneira. Eu paguei mais caro para que eu, minha mulher e meus
filhos viajássemos juntos e agora querem nos por separados porque
colocaram outras pessoas nos nossos assentos. E o atendente ainda nos
disse que caso não aceite essa opção tenho o direito de não embarcar. Ou
seja, a empresa começa a fazer errado, e ao invés de tentar ajeitar,
prefere continuar errando – alegou o médico gaúcho.
O produtor de
cinema Rômulo Marinho, que viaja a Nova York para participar do
pré-lançamento do filme “Lula, o filho do Brasil”, no qual trabalhou,
também se sentiu desrespeitado e procurou o guichê do Tribunal de
Justiça no aeroporto, mas não conseguiu dar entrada em uma ação contra a
TAM porque o sistema não estava disponível.
A falta de um posto
da Agência Nacional de Avião Civil, Anac, dentro do aeroporto também foi
motivo de críticas dos passageiros. O advogado Paulo Franco fez o seu
primeiro check-in às 19h com sua filha de 12 anos e criticou a falta de
infraestrutura no aeroporto para atender a situações como esta.
–
Não existe um posto da Anac do Aeroporto Internacional do Rio de
Janeiro. Isso é um absurdo. Como posso reclamar oficialmente? Os
atendentes da TAM me dizem que não há hotéis disponíveis na cidade. Como
hoje não existe hotel? Imagina na Copa e nas Olimpíadas – protestou
Franco.
Através de sua assessoria de imprensa, a TAM informou que o
cancelamento do voo foi causado pelo atraso na entrega do serviço de
bordo. Segundo a companhia aérea, esse foi o primeiro dia da empresa e
houve problemas de logística. Sobre a falta de suporte aos passageiros, a
empresa disse que, por volta das 5h30m, foi servido um café da manhã.
Porém, segundo os próprios passageiros, a refeição foi insuficiente para
todos. Eles contaram que, ao chegarem ao restaurante, encontraram
apenas poucas frutas.