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2 de maio de 2011Brasil questiona na OMC subsídio dos EUA ao etanol
4 de maio de 2011Alimentada pelo reajuste nos preços dos combustíveis e dos alimentos,
a inflação parece não dar trégua ao bolso do consumidor. Na última
semana de abril, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da
Fundação Getulio Vargas (FGV) apresentou variação de 0,95%, 0,15 ponto
percentual acima da taxa registrada no levantamento anterior. O
resultado superou as expectativas do mercado, que previa variação entre
0,76% e 0,93% no período. No acumulado do ano, o índice já alcança alta
de 3,46% e em 12 meses, de 6,05%.
Durante todo o mês de abril, os
preços dos combustíveis se mostraram os grandes vilões da inflação com
altas sucessivas. No último levantamento, a gasolina subiu 5,98% e
respondeu por 0,18 ponto percentual do total de 0,95%. Nos postos de
combustíveis, segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) o reajuste da gasolina nos postos do
país no mês passado, de 6,16%, foi o maior desde setembro de 2005. De
acordo com a pesquisa feita em 35 mil postos de todo o país, o preço
médio do litro da gasolina passou de 2,661 em março para R$ 2,825 em
abril.
A pesquisa da ANP aponta que o preço da gasolina vem
subindo desde julho do ano passado. Naquele mês, o litro era encontrado
por R$ 2,538 médios. Em janeiro, o preço chegou a R$ 2,607, atingindo R$
2,615 no mês seguinte e saltando, respectivamente, para R$ 2,661 e R$
2,825 em março e abril. Em Minas Gerais, o preço médio da gasolina
passou de R$ 2,852 na terceira semana de abril para R$ 2,878 no último
dia do mês, com aumento de 0,9% na semana. Em relação ao início do mês, o
reajuste é de 4,16%. Os reajustes nas bombas foram registrados também
em Belo Horizonte, onde o preço médio da gasolina teve aumento de 0,49% e
passou de R$ 2,821 para R$ 2,835. No mês, a variação chega a 4,15%.
COMIDA CARA Os alimentos, que tinham perdido força ao longo do mês com duas quedas
sucessivas (veja quadro), voltaram a pesar no resultado, puxados
principalmente pelo segmento de hortaliças e legumes. A alta de 0,91% na
semana encerrada em 22 de abril, subiu para 1,04% no levantamento do
dia 30. Somente a batata-inglesa fechou o último mês com variação de
30,68%. O comportamento fez com que o item respondesse, sozinho, por
0,31 ponto percentual da taxa geral de 0,95%.
Segundo
coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, no mesmo período do ano passado,
os alimentos foram responsáveis por 0,55 ponto percentual da variação de
0,77%, praticamente dois terços de todo o resultado. “Naquele momento, o
impacto no índice era praticamente todo da alimentação. Quando o efeito
deste item sumiu, a taxa apresentou uma queda rápida, com os três meses
consecutivos de deflação”, lembra.
Mas o cenário não deve se
repetir este ano. “Hoje o IPC-S não só está maior, como se disseminou em
outros itens, como transporte e serviços”, observa. “Mesmo que os
alimentos reduzam a participação, o índice com certeza não vai recuar na
mesma velocidade e não vamos ter um cenário de deflação tão acentuada”,
acrescenta. Dos sete itens avaliados pelo levantamento, somente
educação, leitura e recreação apresentou retração no IPC-S, passando de
0,36% para 0,32%.
Aumento maior previsto para o ano
O comportamento fez com que o especialista da FGV revisasse as
expectativas de fechamento do IPC-S no ano. “A previsão era de 6% até o
fechamento de março. Mas com o resultado surpreendente de abril, foi
necessário fazer a revisão para 6,4%”, avalia. Apesar do cenário pouco
animador, Picchetti acredita que o índice comece a arrefecer já neste
mês.
Segundo o analista, os combustíveis não devem seguir o
mesmo comportamento das últimas semanas, influenciados pelo início da
safra da cana-de-açúcar, que já deve começar a ter impacto nas bombas. O
grupo saúde e cuidados pessoais, que fechou abril com alta de 1,10%,
também não deve seguir o mesmo caminho de alta, uma vez que foi
influenciado pelo reajuste dos preços dos medicamentos no último mês.
Mesmo
com um cenário de menor pressão inflacionária, Picchetti não acredita
em resultados negativos como os alcançados no mesmo período do ano
passado. “Não vamos ter um terreno de deflação nos próximos meses e o
acumulado dos últimos 12 meses vai continuar crescendo. Acredito que
haja uma retração somente entre o terceiro e quarto trimestres do ano”,
prevê. A expectativa é de que o pico seja atingido em agosto, com um
resultado elevado de 7,9%.
