O Brasil caminha para ter juros no mesmo patamar dos países com economia mais desenvolvida. Essa condição, no entanto, começa a trazer preocupações para os fundos de pensão, que precisam rentabilizar investimentos com metas acima do atual patamar de juros.
Segundo Martin Glogowsky, diretor-presidente da Fundação Cesp, a solução passa por ações tanto no lado do ativo quanto do passivo. “Hoje temos um grande volume de ativos casado com o nosso índice de passivo que, no nosso caso é o IGP. Vamos diminuir esse casamento, até por força de que o governo não emite mais papéis em IGP, para buscar um pouco mais de taxa, quer seja na bolsa, quer seja em papéis diversificados na renda fixa”, afirmou o dirigente para o podcast “Os fundos de pensão e a queda dos juros”, disponível no site da Rio Bravo.
A saída é a busca por mais prêmios, mas Glogowsky afirma que alternativas como private equity, por exemplo, exigem tempo. “São investimentos pontuais, mas ainda está longe de se estabelecer como uma categoria de investimentos tal qual é o Bovespa e os ‘benchmarks’ conhecidos. Mas por outro lado acho que é um caminho que os fundos de pensão tem por dever de ofício olhar. Nós estamos fazendo isso também, mas é um desenvolvimento muito lento e gradual.”
Em meio aos novos desafios para elevar os prêmios, muitas entidades já começaram a reduzir as metas de retorno. “Esse assunto é um tema relevante, sim, e que deve ser discutido, sim. No entanto, tem um custo muito alto para os fundos de pensão. Então, qualquer coisa que seja feita, deve ser feita de maneira muito gradual e com muita informação para os participantes e para os patrocinadores para que antecipem eventuais desembolsos a mais de caixa que estão por vir”, completou o presidente da Fundação Cesp, maior fundo patrocinado por empresas privadas e que administra planos de 15 companhias do setor elétrico.
Ele exemplifica que uma entidade como a Fundação Cesp, com reservas no valor de R$ 20 bilhões, precisaria de cerca de R$ 2 bilhões para reduzir um ponto percentual na taxa de juros. “Como no nosso caso os planos são de benefício definido, quem tem que trazer isso são os patrocinadores. Em planos de contribuição definida precisa-se aumentar a contribuição dos participantes ou reduzir benefícios. Enfim, são medidas drásticas”, finaliza.