As gestoras e firmas de private equity podem ter um futuro sombrio pela frente. Por conta da crise, 40% dessas empresas podem desaparecer pelo mundo nos próximos três anos, mostra um estudo recente feito pela empresa de consultoria The Boston Consulting Group (BCG) e pela IESE Business School, com sede em Barcelona.
A razão é que a crise mudou drasticamente o cenário responsável pelo sucesso dos fundos de private equity, segundo os autores do estudo, o professor Heinrich Liechtenstein, da IESE, e o especialista em private equity do BCG, Heino Meerkatt.
Assim, fatores como quantidade muito grande de crédito barato, lucro em crescimento em todos os setores da economia e preços dos produtos em alta simplesmente não são mais encontrados na escala que eram antes da crise.
Outro ponto é a disposição dos grandes investidores, como fundos de pensão, em alocar parte de seus recursos para os private equities. Se no passado recente eles foram grande fonte de captação, agora não são mais e se mostram mais cautelosos.
Com o piora do cenário, a previsão dos dois autores não é das mais otimistas. Entre 20% e 40% das empresas de private equity \”vão naufragar\”. Outras 30% vão sobreviver e o restante \”enfrentará enormes dificuldades\”.
O relatório destaca a forte queda das aquisições alavancadas (que contavam com parte de recursos dos fundos e parte de crédito bancário) com o agravamento da crise. Elas chegaram a movimentar US$ 669 bilhões em 2007. No terceiro trimestre de 2008 já houve uma queda de 75% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em outubro e novembro, apenas US$ 6 bilhões foram levantados por meio dessas operações alavancadas nos Estados Unidos e Europa.
Os dois autores estimam que o potencial de perdas por conta das aquisições alavancadas pode chegar a US$ 300 bilhões, considerando que as dívidas assumidas pelos fundos estejam na casa de US$ 1 trilhão.
Cada tipo de gestora de private equity pode ter impacto diferente. Segundo os autores, as firmas de PE que estiverem precisando de recursos no curto prazo vão passar por dificuldades maiores. Também ficarão mais vulneráveis as gestoras que investiram em empresas de setores mais expostos à recessão.
A pesquisa foi concluída em dezembro e levou em consideração dados até novembro do ano passado. Os autores analisaram dados públicos das maiores gestoras de PE e ainda algumas transações alavancadas.
A dica dos autores para as gestoras é buscar oportunidades investindo em empresas problemáticas de outros fundos, uma vez que elas terão preços com desconto \”significativo\” e ainda focar na melhora operacional.