A União Europeia ordenou que a Grécia amplie ainda mais seus cortes de gastos públicos e pôs o país sob uma espécie de tutela econômica. Ontem, Bruxelas adotou medidas inéditas para garantir o controle do orçamento do governo de Atenas e, ainda que tenha dado seu aval ao plano anunciado pelas autoridades gregas para a redução do déficit do país, exigiu novas medidas.
A UE ainda deixou claro que a situação da Grécia põe em risco não apenas a economia do país mediterrâneo, mas toda a zona do euro. A Espanha também anunciou que seu déficit será maior que o esperado, enquanto Portugal se transformou na “bola da vez” diante do risco de um calote. A explosão da dívida em vários países ocorreu depois que governos foram obrigados a gastar bilhões de euros para tirar suas economias da recessão.
O plano grego prevê a redução do déficit orçamentário dos atuais 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 para menos de 3% em 2012. A taxa de 3% é considerada o limite máximo que um país pode atingir para usar a moeda comum na Europa. Na terça-feira, o primeiro-ministro socialista do país, George Papandreu, anunciou o congelamento dos salários de funcionários públicos e o aumento no imposto sobre gasolina. Novas contratações estão suspensas e o governo prometeu reduzir em 10% os gastos da administração.
A crise na Grécia tem preocupado investidores. Um calote do país seria um sério abalo ao euro, com grande prejuízos e um eventual efeito dominó na região. A Alemanha é o hoje o país que detém o maior volume de papéis da dívida grega e um calote poderia também pôr em risco bancos alemães.
Bruxelas passou a considerar a questão grega como prioridade. “Sabemos que a implementação desse programa não será fácil e devemos apoiá-lo”, disse o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquín Almunia.
Mas o apoio não virá sem custo. A Comissão Europeia decidiu monitorar a execução do plano, que será submetido à votação dos 27 ministros de Finanças da UE em uma semana. O governo grego será obrigado a informar regularmente o impacto nos cortes dos gastos. Uma primeira sabatina já está marcada para março. Em dois meses, Atenas ainda terá de mostrar um calendário de como os cortes ocorrerão nos gastos públicos.
O monitoramento, chamado por alguns de “polícia orçamentária”, mostra preocupação com a situação e reflete que crise é a maior desde a criação da moeda única. “Essa é a primeira vez que colocamos um sistema de monitoramento tão intenso e quase permanente”, admitiu Almunia.
Segundo a UE, a Grécia deve estar pronta para adotar que devem tornar o atual governo ainda mais impopular. Greves se espalham pelo país, e a polícia aduaneira prometeu fechar hoje a fronteira com a Bulgária por 24 horas em protesto.
Outra decisão da UE foi a de abrir um processo para avaliar por que a Grécia entregou em 2009 dados falsos sobre seu déficit. O mercado reagiu de forma positiva ao anúncio da UE e o risco da Grécia caiu. O euro também deu sinais positivos, ainda que tímidos. Mas as bolsas europeias continuaram com perdas.