Ministros do núcleo duro do presidente Jair Bolsonaro ouvidos pelo blog nesta terça-feira (23) avaliam que ainda é cedo para garantir 100% a aprovação da proposta de reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mas eles apostam na pressão do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre os parlamentares do Centrão para que a votação tenha menos obstáculos na sessão marcada para esta tarde.
Apesar de não comandar os trabalhos na comissão, Maia tem grande influência entre os deputados, inclusive sobre os integrantes do Centrão – justamente o grupo que tem criado problemas para o governo federal na tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que muda as regras de aposentadoria.
Um interlocutor de Bolsonaro disse ao blog que Maia tem sido \”uma figura fundamental\” para os trabalhos. Apesar das desavenças políticas com o governo, o presidente da Câmara tem atuado com \”tranquilidade e ponderação\” nas discussões.
Mesmo sem concordar com a conta do Ministério da Economia de que a reforma da Previdência vai gerar uma economia de R$ 1 trilhão, Rodrigo Maia, na avaliação de governistas, \”entrou\” de fato no debate para ajudar a diminuir as resistências do Centrão com a proposta que altera as regras previdenciárias.
Outra figura muito elogiada no Planalto é o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconhecido por colegas de primeiro escalão por seu \”poder de convencimento\”.
Mesmo assim, governistas ainda não dão como certa a aprovação da PEC da Previdência na CCJ da Câmara por não confiarem nos deputados de centro e nas demandas deles. A preocupação do Planalto é de que sobrará pouca \”munição\” para a segunda fase de tramitação da reforma, na comissão especial, na medida em que o Centrão já obrigou o governo a fazer concessões no texto na fase inicial. É na comissão especial que será discutido o mérito da proposta, ou seja, o conteúdo.
Na última sexta-feira (19), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse ao blog que garantia a aprovação da PEC da Previdência nesta semana na Comissão de Constituição e Justiça.
O presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), disse ao blog nesta terça-feira que os trabalhos foram adiados na semana passada para que a base buscasse mais votos. O parlamentar do PSL, entretanto, se disse contrário a um novo adiamento.
\”Não cabe na minha visão um novo adiamento. [O relatório do deputado Delegado Marcelo Freitas] já foi amplamente discutido e elencados todos os pontos de vista\”.
Francischini vai se reunir nesta manhã com sua equipe para antecipar \”todo tipo de obstrução da oposição\”. \”É um trabalho mais técnico, para antecipar todas as questões de ordem, tudo que pode surgir na CCJ\”, explicou.
O presidente da Câmara afirmou ao blog nesta segunda-feira (22) que iria conversar com parlamentares ao retornar para o Brasil. Maia estava em Lisboa participando de um fórum jurídico.
O parlamentar fluminense avalia que o fato de a CCJ não ter votado a PEC da Previdência na semana passada foi um erro. Ele calcula que a comissão especial estará funcionado, de fato, apenas no dia 7 de maio.
Na manhã desta terça, Rodrigo Maia vai se reunir com líderes partidários em busca de apoio pela PEC da Previdência.
Ele disse ao blog que, se conseguir um acordo, e o texto for aprovado nesta terça na CCJ, a comissão especial pode ser instalada até o fim da semana. \”Mas tudo é conversado com os líderes, vamos costurar e ver o que dá para fazer\”.
O presidente da Câmara afirmou, ainda, que, na quinta-feira (25), espera que o governo apresente os dados \”macros\” do projeto da Previdência. Segundo ele, o \”sigilo de documentos está superado\”.
\”Isso já está conversado, os dados e detalhamento do projeto são esperados para quinta-feira\”.