A força-tarefa da Lava Jato no Rio vai ser reforçada com três novos procuradores, informou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em reunião com integrantes do grupo no Rio. Segundo ficou acertado, dois dos novos integrantes terão dedicação exclusiva à ação – o terceiro atuará parcialmente.
O reforço atende a pedido da força-tarefa e amplia a capacidade de investigação da Procuradoria no Estado, onde são julgados desdobramentos importantes da Lava Jato. Envolvem corrupção em empresas estatais, como a Eletronuclear, desvios de verbas federais destinadas a obras no Estado desde 2007 e irregularidades na administração estadual do hoje MDB – antes, PMDB.
O principal alvo da força-tarefa da Lava Jato no Rio, até agora, foi o esquema de corrupção que era chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB). Ele foi preso em novembro de 2016, na Operação Calicute, e desde então não saiu mais da cadeia. Já foi denunciado 29 vezes – quase todas pela Lava Jato no Rio – e condenado em nove ações. Suas penas somam perto de 200 anos de cadeia. Recentemente, Cabral confessou seus crimes, em aparente estratégia para conseguir futuros benefícios, em feitos ainda não julgados.
A mais recente iniciativa da força-tarefa no Rio foi o pedido de prisão contra o ex-presidente Michel Temer, o ex-ministro das Minas e Energia Wellington Moreira Franco e outros suspeitos. Eles são investigados por supostos desvios na Eletronuclear, nas obras de construção da usina nuclear Angra III, em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense. O juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, acolheu o pedido na quinta-feira passada.
Todos os oito acusados que ainda estavam detidos foram libertados nesta segunda-feira, 25, por liminar concedida pelo desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2). Ele considerou que as condições para a prisão preventiva não tinham sido atendidas. No fim de semana, a desembargadora Simone Schreiber, plantonista no TRF 2, já tinha libertado dois presos temporariamente. Fundamentou sua decisão em argumentos semelhantes. As decisões de libertar os acusados serão julgadas pela 1.ª Turma Especializada do TRF-2, em data a ser marcada.
Criada em 2016, a força-tarefa do Rio já conseguiu a condenação de 40 pessoas. Tem onze procuradores. Apresentou 50 denúncias contra 302 suspeitos de 19 crimes, como fraude em licitações, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, evasão de divisas, tráfico de influência, peculato, contrabando, sonegação fiscal etc.