Congresso prorroga prazo da MP 449 em 60 dias
6 de março de 2009Em 2008, PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões
10 de março de 2009O mercado financeiro já trabalha com a expectativa de que os juros nominais fechem o ano com apenas um dígito, nível que seria histórico para os padrões brasileiros. A Selic, hoje em 12,75% ao ano, pode ter seu movimento de queda acelerado já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana. Os dados da produção industrial divulgados na última sexta-feira promoveram uma migração das expectativas de corte da Selic, de 1 para 1,5 ponto percentual. Confirmadas as estimativas de aceleração no ritmo de queda, a Selic cairá para 11,25% ao ano a partir de quarta-feira.
Diferentemente do movimento registrado em 2008, quando a Selic experimentou um trajetória inicial de alta, indo de 11,25% para 13,75%, e depois foi mantida estável, 2009 pode ser só de baixa. Após o corte de um ponto percentual no juro básico em janeiro, para 12,75% ao ano, era quase unânime a estimativa de manutenção no ritmo de baixa. Mas a surpresa negativa com os dados da produção industrial conduziu parte das expectativas para uma redução ainda maior no juro.
“Os números vieram muito ruins, a economia real está piorando muito rapidamente e a tendência é o BC seguir os bancos centrais de outros países acelerando a queda da taxa básica. Por isto alteramos nossa previsão para 1,5 ponto de corte”, comenta Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. Em janeiro, a produção industrial caiu 17,2% na comparação com igual período de 2008. “Além do desempenho ruim da indústria, os números do IBGE mostram algo pior, que é um contágio de outros setores e vemos que a situação está se generalizando”, diz.
Outra instituição que alterou sua estimativa de corte na Selic, após os dados da indústria, foi a SulAmérica Investimentos. “Além dos dados industriais, podemos ter outra surpresa ruim amanhã, quando será divulgado o PIB do quarto trimestre”, justifica Newton Rosa, economista-chefe da gestora de recursos. A mediana das estimativas do PIB está em alta de 2%, na comparação ano a ano, e queda de 2,2% considerando trimestre contra trimestre.
Apesar dos números fracos do setor industrial, algumas instituições optaram por manter a previsão inicial de um ponto de queda na Selic. “Acredito que o BC vai se sentir mais seguro mantendo o ritmo atual de afrouxamento dos juros, até porque leva em conta a defasagem dos efeitos da política monetária”, defende Vladimir Caramaschi, economista-chefe do Credit Agricolle. “Pode haver uma piora no cenário mais adiante e o BC precisa deixar espaço para futuros cortes no juro, por isto a cautela se justifica.”
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, discorda. “A situação hoje é muito ruim e não vejo risco algum em acelerar o corte da Selic. Na verdade, o único risco que vejo em um juro menor é de o BC prejudicar menos a economia real”, brinca Gonçalves.
Depois de um juro real na casa dos 6%, algo inédito para o Brasil, 2009 também pode ser marcado por taxas nominais históricas, abaixo de 10%. Das 13 instituições consultadas, 5 já trabalham com a possibilidade de juros nominais de um dígito no final do ano. “Nós também revisamos a expectativa para a Selic em dezembro, que agora fica em 9,5%. Só a política monetária e fiscal doméstica não vai resolver, mas ela é fundamental para amortecer impactos”, diz Maristela, do Fibra. Cortes surpreendentes nos juros têm sido uma constante em outros BCs. Na zona do euro, o juro básico está em históricos 1,5% e a 0,5% na Inglaterra, algo também inédito. “Tudo nesta crise é inédito e eu não me surpreenderia em ver a Selic em 9,75% no fim do ano”, diz Alexandre Lintz, economista-chefe do BNP Paribas.