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18 de abril de 2024O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, faz um alerta: os motivos que provocaram a crise até agora não foram resolvidos. Enquanto isso, a energia política para reformar o sistema financeiro internacional está perdendo força e o mundo corre o risco de não aproveitar a crise para fazer as mudanças necessárias.
Lamy, que chega amanhã ao Brasil para reuniões com o chanceler Celso Amorim, acredita que o desemprego é hoje a maior ameaça à economia internacional, podendo representar riscos de “turbulência social”. Em entrevista aos jornais brasileiros antes de sua viagem, Lamy diz que o Brasil precisa se questionar sobre qual a inserção que pretende ter no comércio mundial nos próximos anos. Ele também sugere investimentos em infraestrutura e diz que o congestionamento aéreo pode ser um obstáculo para o comércio no País.
A seguir, os principais itens da entrevista.
Recuperação. Na avaliação de Lamy, a recuperação da economia está sendo “frágil”. “Temos um bom crescimento nos países emergentes, há um crescimento que começa a reduzir o desemprego nos Estados Unidos e há um crescimento menor sem nenhuma melhora no mercado de trabalho na Europa e no Japão.”
Mas o que mais preocupa é que os motivos que provocaram a crise até agora não foram resolvidos. Para ele, o risco é de que o mundo não aproveite a crise para reformar o sistema financeiro. “A regulação continua sendo um grande problema para a governança global. A reforma está muito lenta.”
Para ele, a capacidade dos governos em chegar a um novo sistema ainda é um desafio em aberto. “A crise é uma ocasião boa demais para ser desperdiçada. Mas o sentimento que tenho é que houve uma energia política e não sinto o calor da pressa.”
Lamy, ex-banqueiro do Credit Lyonnais, deixa claro que a taxa que o governo de Barack Obama quer aplicar sobre os bancos não será a solução. Segundo ele, além da regulação financeira, novos riscos foram adicionados à economia mundial, como desemprego e dívida pública. “O maior risco para a economia global é o desemprego. É um risco para nós, para o comércio, para a demanda, para uma turbulência social. Esse é o maior risco e ainda está vago como será o modelo de crescimento.”
Inserção do Brasil. Admitindo que a economia foi alvo de uma “boa administração” nos últimos dez anos, Lamy diz que a questão estratégica que o País deve enfrentar agora é a de qual tipo de inserção quer ter no comércio internacional. Ele sugere que a prioridade deva ser a de focar em exportações que gerem empregos. A segunda prioridade é que essa inserção também gere “bons empregos”. Para Lamy, a posição do Brasil no ranking dos exportadores da OMC é o que menos importa. Em 2009, o País caiu da 22.ª posição para a 24.ª entre os maiores exportadores.
Segundo ele, o País precisa investir em infraestrutura e educação. “Há muito o que fazer em infraestrutura em um País tão grande, seja ferrovias ou no setor aéreo, diante do congestionamento aéreo que existe. Provavelmente não é um facilitador ao comércio.” Questionado se o Brasil ainda era um país emergente, foi categórico. “É um país emergente. Ainda tem muitos pobres. O PIB per capita médio é ainda de um país emergente.”
Brics. Se o comércio Sul-Sul ganha importância, Lamy deixa claro que o debate do uso de moedas nacionais para o comércio entre os países do Bric, que será negociado a partir de amanhã, não é algo que tenha impacto maior. “Trata-se de uma escolha técnica.” Segundo ele, a atitude dos países do Bric é “uma espécie de expressão política dos países emergentes que têm uma visão de que o sistema monetário deve depender menos do dólar.”
QUEM É
PASCAL LAMY
DIRETOR-GERAL DA OMC
Foi chefe de gabinete do presidente da Comissão Europeia (1984 a 1994) e número 2 do banco francês Crédit Lyonnais (1994 a 1999). Em setembro de 1999, foi confirmado no cargo de comissário de Comércio da União Europeia, de onde saiu em 2004, para dirigir a OMC.