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18 de abril de 2024Um dos grandes banqueiros da Suíça foi indagado, durante um jantar de fim de ano com alguns jornalistas que convidara, se ele tinha algum livro favorito sobre gestão de crise para navegar no dramático cenário global atual.
Depois de respirar fundo e tomar um gole de refrigerante, o executivo de um dos maiores grupos do mundo contou que está privilegiando a leitura de outro tipo de estudo: história militar, ao invés de economia. Ele relatou que é assim que tenta entender como as pessoas reagem em tempos de guerra, quando circunstâncias mudam subitamente e comportamentos podem passar de um extremo a outro.
Uma de suas conclusões é de que os bancos precisam ser \”comunicativos\” ao máximo, para evitar rumores que o mercado exagera e que podem causar estresse nos negócios. O banqueiro parecia visivelmente atônito pela situação. Admitiu que cada estágio da crise tem sido uma surpresa. Quando imagina já ter visto tudo e a tensão começa a baixar, uma nova catástrofe aparece e os mercados desmoronam de novo.
O escândalo Madoff aumentou a crise de desconfiança, ilustrando como cada grande crise financeira revela especulações gigantescas que pouca gente podia suspeitar até então.
A lição mais importante que o banqueiro disse ter aprendido até agora foi sobre o caráter excessivamente pró-cíclico dos negócios no sistema financeiro, diante das promessas de enormes lucros no curto prazo. Sem dizer expressamente, o ele admitiu o que certas autoridades monetárias têm insistido, de que o controle de risco tinha se tornado secundário para avaliar adequadamente cada operação.
Alegou que o problema é que quando \”se está ganhando muito dinheiro, é difícil parar para pensar em pró-cíclico ou não\’\’. Outros participantes do mercado atribuem também que a falta de compreensão da complexidade dos produtos financeiros levou à crise que já custou trilhões de dólares.
A manchete do jornal \”Financial Times\” de antes do Natal foi o reconhecimento do xerife do mercado financeiro dos Estados Unidos, a Securities and Exchange Comission (SEC), sobre a deficiência de conhecimento de seus funcionários mais jovens para detectar problemas no mercado – ou seja, para fazer seu trabalho.
O vice-diretor do Banco da Inglaterra, Sir John Gleve, também admitiu que a autoridade monetária não conseguiu ver o tamanho da crise do crédito que era o \”tremendamente obvia\”.
Mas o problema é generalizado, estima Stewart Hamilton, autor do livro \”Ganância e Fracasso corporativo: lições de desastres recentes\’\’ e professor do IMD, uma das principais escolas de negócios da Europa. Em entrevista ao Valor em novembro, ele contou que o IMD tem sido procurada por um número crescente de grandes companhias internacionais para organizar cursos rápidos de finanças para seus auditores internos e alguns diretores, de maneira discreta e fora do campus. Isso porque constataram que seus auditores nâo entendem suficientemente o lado financeiro.
É nesse cenário que os bancos suíços, focados sobretudo na gestão de fortuna, vão ter de rever seus modelos de negócios. Deverá haver mais interação entre clientes e conselheiros, e isso levará a redução da margem de lucro. Para operadores, a simplicidade é a tendência, ao invés de produtos complexos que se tornaram ativos tóxicos.
Mas para o UBS, o banco europeu mais atingido pela crise, a saída do inferno parece longe. O banco continua a ter problemas para se refinanciar normalmente no mercado interbancário. Na semana passada, teve de recorrer a uma operação de empréstimo de US$ 2 bilhões fornecido por Reiffeisen, Postfinance (banco dos Correios) e Banco Cantonal de Zurique, que estão entre os que mais atraíram clientes que abandonaram o UBS.
A ação do UBS desvalorizou 70% só este ano. Analistas estimam que a saída liquida de capitais de clientes chegará próximo dos US$ 50 bilhões no quarto trimestre. Em 2009, o UBS pode sofrer saída de capitais ainda mais fortes, nas projeções do Morgan Stanley.
O Crédit Suisse foi menos afetado do que o rival, mas também terá de reajustar seu modelo de negócios. O banco foi inovador para se desembaraçar de ativos tóxicos, como os US$ 5 bilhões que colocou num fundo fora do balanço para pagar um dia bônus para os diretores do banco de investimentos.
No setor de seguros, a severa recessão global abala várias companhias. A Swiss Re, uma das maiores resseguradoras do mundo, estima que uma retomada do crescimento nas grandes economias não pode ser esperada para antes de 2010. As seguradoras tem globalmente ativos de US$ 18 trilhões que precisam investir para compensar as indenizações que precisam pagar. Em termos de portfólio, ficam atrás dos fundos de pensa, com US$ 22 trilhões de ativos e fundos mútuos, com US$ 19 trilhões.