A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) deu início à aplicação de carvão ativado no sistema de tratamento de água do Guandu nesta quinta-feira (22). Além da solução de curto prazo – colocada em funcionamento com anos de atraso – a empresa e o governo do estado também anunciaram várias medidas para os próximos anos como soluções para evitar crises como a que vive a Região Metropolitana, com reclamações há mais de 20 dias de água com cor, gosto e cheiro de terra.
Nesta quinta, o presidente da Cedae, Hélio Ferraz, e o governador Wilson Witzel prometeram tirar do papel um antigo projeto de transposição dos rios Ipiranga, Poços e Queimados, que hoje desaguam esgoto na bacia do Guandu.
Segundo o projeto, a obra prevê a canalização dos rios por baixo da Estação de Tratamento do Guandu, com escoamento na frente da barragem principal. O esgoto continuaria existindo, mas não passaria mais pela estação.
O prazo estimado é de dois anos e meio, ao custo de R$ 90 milhões, e a Cedae vai iniciar procedimento licitatório. Após a contratação da empresa – sem prazo divulgado –, as obras devem ser executadas em quase dois anos.
Também foi anunciado para esse ano, o início da construção da Estação Guandu 2 (também chamada de Novo Guandu), que está em fase de projeto executivo. Segundo o corpo técnico da Cedae, a operação da nova estação depende da execução da transposição.
Guandu 2 vai tratar a água captada em outro ponto do Guandu, a três quilômetros do sistema principal, que é o maior do mundo – trata 43 mil litros de água por segunda. Um investimento de R$ 1,5 bilhão para ser entregue até 2022.
\”Essa estação Guandu 2 vai garantir aos investidores do leilão de 2020 que não haverá falta de fornecimento de água\”, explicou Witzel.
A já anunciada modernização da atual Estação Guandu 1 tem projeto em estudo e implantação estimada em três anos, com investimento de R$ 700 milhões.
O governador garantiu que tem os recursos existem e são da própria Cedae.
O governo também confirmou nesta quinta para outubro o leilão dos serviços de distribuição de água e coleta de esgoto – condição prevista no plano de recuperação fiscal do estado.
Segundo Witzel, só assim o estado poderá investir no saneamento do entorno do rio cuja água abastece 9 milhões de pessoas. A estação de Guandu hoje recebe uma quantidade de esgoto que poderia abastecer 22 piscinas olímpicas todos os dias.
\”No Rio de Janeiro, não temos condições pela situação do estado em fazer as obras necessárias no saneamento. Por isso, resolvi levar adiante a concessão da água que vai atrair investimentos da ordem de R$ 32 milhões em 20 anos e, a partir do momento que o leilão da Cedae na área de distribuição e tratamento, teremos dinheiro… A partir de 2021\”, disse Witzel.
Nesta quinta, o presidente da Cedae admitiu a falta de investimento por décadas.
\”Se você perguntar se o esgoto tá caindo in natura, é claro que tá. Nós não temos estação de tratamento, nem investimos isso. Na verdade, nós estamos há mais de 30, 40 anos sem investir em saneamento.\”