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18 de abril de 2024Sete de cada dez alunos do 3º ano do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática. Entre os estudantes desta etapa de ensino, só cerca de 2% têm conhecimento avançado nestas disciplinas. É o que mostram os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 divulgados pelo Ministério da Educação nesta quinta-feira (30).
O Saeb é a avaliação utilizada pelo governo federal, a cada dois anos, para medir a aprendizagem dos alunos aos finais de cada etapa de ensino: ao 5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio. O sistema é composto pelas médias de proficiências em português e matemática extraídas da Prova Brasil, e pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que ainda não foi divulgado.
Pela primeira vez, o MEC dividiu os índices em níveis de proficiência em uma escala de 0 a 9 – quanto menor o número, pior o resultado. Níveis de 0 a 3 são considerados insuficientes; entre 4 e 6 os alunos têm nível de conhecimento básico; e a partir de 7, avançado.
A etapa mais problemática da educação básica, o ensino médio foi classificado no nível 2 de proficiência. Tanto em português como em matemática, 70% dos alunos do ensino médio têm nível insuficiente de aprendizado. Desses, 23% estão no nível 0, o mais baixo da escala de proficiência.
Se avaliada a série histórica do Saeb, é possível notar a estagnação do ensino médio. Houve pouca evolução nas médias de proficiência em língua portuguesa desde 2009. Nesta edição do Saeb, a nota foi de 268 pontos, um a mais do registrado em 2009 (veja os gráficos abaixo).
Em matemática, o cenário do ensino médio é ainda pior: houve queda em relação ao registrado em 2009. Em 2009, a média de matemática do ensino médio era de 275 pontos, e em 2017, caiu para 270.
Do ponto de vista pedagógico, em português significa que estes estudantes não conseguem localizar informações explícitas em artigos de opinião ou em resumos, por exemplo. Em matemática, os estudantes que concluem o ensino médio não são capazes de resolver problemas com operações fundamentais com números naturais ou reconhecer o gráfico de função a partir de valores fornecidos em um texto. Estas habilidades fazem parte das matrizes de referência do MEC e são esperadas em estudantes classificados em níveis proficiência superiores ao insuficiente.
O diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, lembra que a faixa etária dos alunos do ensino médio é diferente e requer mais atenção. \”A escola não atende a realidade, não temos organização curricular que atenda ao jovem, nem professores com formação ideal ou um currículo com objetivo de aprendizagem.\”
Embora tenha registrado avanços em relação ao último Saeb, os alunos do 9º ano do ensino fundamental ainda estão no patamar insuficiente de aprendizado. Eles tiveram média de 258 pontos em português e matemática e estão dentro do nível 3.
O melhor resultado é o do 5º ano do ensino fundamental. Em português, os alunos tiveram um salto de 7 pontos em relação ao Saeb de 2105. Com média de 215 pontos alcançou o nível 4 de conhecimento, considerado básico. Em matemática, os alunos do 5º ano do fundamental evoluíram 5 pontos e chegaram à média de 224, o que corresponde ao nível de conhecimento básico.
O diretor Mozart Neves Ramos afirma que o Brasil está aumentando a escolaridade, mas sem aprendizagem. \”Os ganhos dos anos iniciais não são aproveitados nas etapas seguintes, não há uma aprendizagem associada. Nos anos iniciais os alunos têm no máximo dois professores por turma, quando ingressa nos finais começa a ter o vínculo diversificado com professores divididos por disciplina. O processo se torna mais complexo, há uma exigência maior da formação do professor que precisa dialogar com o chão da escola.\”
As médias de proficiência que compõem o Saeb são extraídas da Prova Brasil – que deixará que ter esta nomenclatura. As provas foram aplicadas de 23 de outubro a 3 de novembro do ano passado a mais de 5,4 milhões de estudantes do 5º e 9º ano do fundamental e 3º ano do ensino médio. Os resultados se referem a um universo de 59.388 escolas.
Nesta prova, os estudantes respondem a questões de língua portuguesa, com foco em leitura, e matemática, com ênfase na resolução de problemas. Para os alunos da rede pública a prova é obrigatória, mas no ano passado as escolares particulares também aderiram à avaliação, porém a participação da rede é facultativa.
A partir de 2019, os alunos do 9º ano do ensino fundamental também passarão a responder testes de ciências humanas e da natureza.
Essas médias de desempenho subsidiam a construção de um outro indicador o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que agrega também as taxas de aprovação dos estudantes. Neste ano, pela primeira vez o MEC fatiou a divulgação e ainda encaminhou os resultados do Ideb 2017.
O Ideb referente às escolas do ensino médio vai substituir as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola que não serão mais divulgadas pelo MEC.