Puxada por estatais, Bolsa fecha em alta de 1,09% e atinge maior patamar desde março de 2013

Depois de passar o dia em oscilação, a Bolsa brasileira se firmou no terreno positivo à tarde e fechou em alta. Se o pessimismo nos mercados internacionais com a crise na Ucrânia e, internamente, com previsões cada vez mais magras para o PIB prevaleceram pela manhã, à tarde as estatais passaram a subir com consistência. Segundo analistas, o motivo é a pesquisa eleitoral que mostra empate técnico entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) em um segundo turno — o mercado financeiro é crítico da política econômica da presidente Dilma. O índice de referência Ibovespa encerrou em alta de 1,09%, aos 57.633 pontos. É o maior patamar desde março de 2013.

Já o dólar comercial fechou em pequena queda de 0,17%, cotado a R$ 2,221 para compra e a R$ 2,223 para venda.

A Petrobras, que chegou a cair mais 1%, foi uma das principais influências positivas do pregão. A estatal avançou 1,56% (ordinária, com direito a voto) e 1,85% (preferencial). Outras estatais também mostraram bom desempenho. A maior alta do pregão foi do BB Seguridade, que subiu 3,21%. O Banco do Brasil subiu 2,30%, enquanto a Eletrobras teve alta de 1,33%. Outras companhias de energia fecharam com alta expressiva, em setor bastante afetado por decisões do governo. A Cemig avançou 3,06%, a CPFL, 2,31% e a EDP, 2,18%. A Vale teve alta de 0,35% (ordinária) e 0,43% (preferencial).

— A pesquisa eleitoral contribuiu para o bom humor aqui, ao contrário do mercado lá de fora. Mas hoje também é dia de vencimento de opções sobre ações, então fica difícil interpretar com certeza o comportamento do mercado — disse Hersz Ferman, da Elite Corretora.

Segundo balanço divulgado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o exercício de contratos de opções sobre ações movimentou, R$ 4,3 bilhões, sendo R$3,3 bilhões em opções de compra.

Na ponta de baixo da Bolsa ficaram as ações das companhias do ramo imobiliário e grandes exportadoras. A MRV caiu 1,31%, enquanto a PDG teve baixa de 1,32%. A Fibria teve contração de 2,93%, enquanto as competidoras Klabin e Suzano caíram respectivamente 2,21% e 1,78%. Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho Associados, afirmou que pesaram sobre as ações das produtoras de papel e celulose um excesso de oferta no mercado internacional, além da redução da demanda da China pelo produto. A previsão pessimista para o setor consta em relatório divulgado pelo Bank of America Merrill Lynch, que rebaixou as companhias.

FOCUS PREVÊ CRESCIMENTO DE 0,97% EM 2014

Economistas do mercado financeiro reduziram pela oitava semana consecutiva a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano. A mediana das projeções para alta do PIB do boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, caiu para menos de 1% pela primeira vez desde que estimativas para este ano começaram a ser divulgados, em 2010. Agora, a expectativa é de aumento de apenas 0,97%. Para o ano que vem, a previsão está estável há três semanas, em 1,5%.

As previsões pessimistas pegaram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em seu maior patamar desde março de 2013, depois de pesquisa Datafolha ter mostrado empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato da oposição Aécio Neves (PSDB) nas simulações de eventual segundo turno. Hoje, o mercado reagiu a outra pesquisa — IstoÉ/Sensus, divulgada no fim da noite de sexta — que também indica empate técnico no segundo turno entre Dilma e Aécio, respectivamente com 36,3% e 36,2% da intenções de voto.

Segundo o levantamento. a presidente Dilma teria 31,6% das intenções de voto no primeiro turno, contra 32,2% na pesquisa anterior (feita entre 26 de maio e 4 de junho). A oscilação da candidata foi dentro da margem de erro, que é de 2,2 pontos percentuais. Aécio caiu de 21,5% para 21,1%. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) também oscilou para baixo, de 7,5% para 7,2%. Os candidatos perderam participação para eleitores que querem votar branco ou nulo ou não quiseram responder, que somaram 34,4%, ante 28,8% na pesquisa anterior.

WALL STREET E EUROPA CAEM COM CONFLITO UCRANIANO

As Bolsas globais apresentaram queda, reagindo ao agravamento do conflito na Ucrânia após a derrubada de um avião de passageiros da Malaysia Airlines na semana passada. Nos EUA, o índice Dow Jones teve baixa de 0,28%, enquanto o S&P 500 recuou 0,23%. O Nasdaq fechou com baixa de 0,17%. Na Europa, também prevaleceu o pessimismo. A Bolsa de Londres caiu 0,31%, influenciada também pela queda nos preços de imóveis. A Bolsa de Paris teve baixa de 0,71%, e a de Frankfurt, de 1,11%