A Câmara dos Deputados decidiu adiar, nesta quinta-feira (21), a decisão de abrir processo para cassar o mandato do deputado licenciado José Genoino (PT-SP), condenado no julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal).
A Mesa Diretora da Casa se reuniu na manhã desta quinta para deliberar sobre o assunto, mas o vice-presidente da Casa, deputado André Vargas (PT-PR), pediu vistas do processo e a decisão foi adiada para daqui duas sessões plenárias. Segundo Vargas, a carta do STF comunicando a prisão do deputado é “muito vaga”.
Na última terça, Vargas havia feito duras críticas ao STF por ter determinado a prisão de ex-dirigentes petistas e chegou a dizer que não sabe se o presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, age por “interesse político ou projeção pessoal”.
Para ser aberto, o processo de cassação tem que ser aprovado por, pelo menos, quatro dos sete integrantes da Mesa Diretora.
Em entrevista ontem, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), defendeu que o processo seja aberto, encaminhado à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e, em seguida, analisado pelo plenário, como foi no caso do deputado Natan Donadon (sem partido-RO).
A decisão de Alves contraria a determinação do Supremo, que é pela cassação imediata dos parlamentares condenados assim que houver o trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recursos.
Além de Genoino, outros três parlamentares foram condenados no julgamento do mensalão: Valdemar Costa Neto (PR-SP), Pedro Henry (PP-MT) e João Paulo Cunha (PT-SP). No entanto, Genoino é o único cuja pena já começou a ser cumprida. Costa Neto e Henry aguardam os mandados de prisão a qualquer momento, e Cunha só deve ter sua sentença determinada no ano que vem.
Genoino, que está licenciado de seu mandato na Câmara dos Deputados devido às suas condições de saúde, passou mal na prisão, segundo informaram seus familiares, e recebeu a visita de um médico na prisão.
Um laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Brasília sobre a saúde do ex-presidente do PT, divulgado na última terça, conclui que ele é “paciente com doença grave, crônica e agudizada, que necessita de cuidados específicos, medicamentosos e gerais”.
Nesta quarta-feira, segundo seu advogado, ele voltou a se sentir mal.
Entre agosto e setembro deste ano, o petista passou quase um mês internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por conta de problemas cardíacos. Genoino foi submetido a uma cirurgia para correção de dissecção de aorta e teve também uma isquemia (obstrução da circulação sanguínea) cerebral leve.