Enquanto a estatal Ceitec caminha a passos lentos para conquistar a independência financeira, a empresa Six, braço de tecnologia do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, mantém o ritmo acelerado para terminar a construção da fábrica de chips em Ribeirão das Neves, no interior de Minas Gerais.
Nem o desempenho ruim dos negócios de Eike no primeiro semestre atrapalhou o andamento das obras que devem ser concluídas em dezembro deste ano. Resultado de uma parceria com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), IBM e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, o investimento deve chegar a R$ 1 bilhão. A previsão é que a fábrica de semicondutores esteja pronta para operação comercial em 2015.
Concorrente da Ceitec, a chegada da fábrica de Eike é encarada por Virgilio Almeida, secretário de política de informática do Ministério de Ciência e Tecnologia, como uma possibilidade para a estatal testar seu potencial frente a outras empresas.
– A vinda de um adversário obriga a Ceitec a rever seu papel. Para o país, no entanto, é muito bom. Infelizmente ainda importamos muita coisa no setor – afirma.
Para Claudio Frischtak, presidente da Inter B Consultoria, o projeto de Eike é mais um tiro no pé dado pelo próprio governo federal.
– A União, por meio do BNDES, financia um empreendimento concorrente em um mercado em que ela mesma ainda engatinha. Não faz sentido nenhum – avalia.
Ricardo Felizzola, presidente da HT Micron, entende que a chegada de outros atores no mercado brasileiro é importante, mas ressalta que ainda é cedo para exigir retorno financeiro da Ceitec.
– Neste ramo é complicado de atuar. Formar pessoas leva tempo, assim como dominar a tecnologia também. Não dá para ser imediatista e querer que a empresa dê retorno tão rápido. Sem ela, por exemplo, não teríamos a HT Micron. Então, só o fato de estarmos atuando mostra o retorno e o potencial que a Ceitec – afirma o empresário.