As ações da Petrobrás caíram mais de 4% nesta terça-feira na Bovespa e
cerca de 5% na Bolsa de Nova York, acentuando perdas ocorridas desde a
divulgação do balanço, na sexta-feira, em que foi apresentado lucro
muito abaixo das expectativas de mercado. Pela manhã, em teleconferência
a analistas de mercado, o diretor financeiro da companhia, Almir
Barbassa, listou sete motivos para a discrepância de US$ 5 bilhões entre
o resultado obtido e o previsto, os mais importantes deles envolvendo
custos ligados ao câmbio.
Um erro nas notas de divulgação do balanço, assumido pelo executivo
durante a teleconferência, não ajudou a aumentar a confiança na empresa.
O executivo revelou à noite, à Agência Estado, que o ITR corrigido do
quarto período de 2011 seria enviado ainda nesta terça à Comissão de
Valores Mobiliários (CVM).
Segundo ele, o erro, detectado por um analista, se deveu a uma falha
básica na colocação das cifras de custos, que foram relacionadas em
linhas que não correspondiam ao item correto.
“O que estaria na linha de serviços foi colocado na linha de custo de
produto processado, que é o óleo que a empresa compra para incluir no
processamento (refino)”, explicou. Segundo o diretor, a falha não chega
afetar o resultado, porque, ao final, o somatório é o mesmo. De qualquer
forma, Barbassa preferiu não ser taxativo ao afastar a possibilidade de
isso ter contribuído para a queda das ações da empresa.
“As razões de queda eu não saberia dizer. É difícil falar sobre as
razões do mercado”, comentou o executivo. Porém, ele acredita, pela
insistência dos analistas em perguntas sobre a política de aumento de
preços de combustíveis, que esse pode ter sido um dos motivos.
“Essa pergunta foi muito insistente. E, como não revelamos quando
isso (preço dos combustíveis) vai mudar, talvez o mercado tenha feito
uma leitura a partir daí”, disse o executivo.
“Foi um choque de realidade”, disse o analista Emerson Leite, do
Credit Suisse, depois de participar das duas conferências. Segundo ele,
ficou evidente que os custos da Petrobrás mudaram de patamar. “As
teleconferências de hoje (ontem) mostraram que a maior parte dos motivos
das discrepâncias (entre o que o mercado projetou e a empresa
apresentou) veio para ficar.”
Reações
Como resultado, as ações ordinárias recuaram 4,23%, e as
preferenciais, 4,72%, depois de caírem mais de 5% durante o dia. A CVM
informou hoje que acompanha e analisa as informações divulgadas pelas
companhias, mas não comenta casos específicos. Segundo o órgão
regulador, quando julgado necessário pela administração, os formulários
trimestrais das companhias são reapresentados espontaneamente.
O órgão esclarece ainda que, “caso se verifique a omissão por parte
da administração, em regra, ocorre a determinação da reapresentação ou
republicação, pela CVM, nos termos da Deliberação CVM n.º 388/01”.
Confirmado o erro, a governança corporativa da empresa pode ser
prejudicada, segundo uma fonte do setor financeiro. A imagem da
companhia sairá arranhada, principalmente com os estrangeiros. A
necessidade de republicação do balanço nunca pode ser vista como usual,
ressaltou.