De olho no calendário eleitoral e na montagem de parcerias com
prefeituras, o governo federal ampliou a inclusão de beneficiários à
segunda fase do Minha Casa, Minha Vida, criando cotas para idosos e
deficientes, e deu mais autonomia aos Executivos municipais para
realizarem os cadastros. Agora, a indicação dos candidatos ao programa
habitacional será feita “preferencialmente pelo Distrito Federal ou
município onde será executado o empreendimento”.
De acordo com a Portaria 610 do Ministério das Cidades, publicada na terça-feira, 27, no Diário Oficial da União e assinada às vésperas do ano eleitoral, quando serão
renovados os mandatos dos prefeitos e dos vereadores dos 5.564
municípios, 110 mil unidades serão construídas em municípios com até 50
mil habitantes. Pelas novas regras, as prefeituras terão de reservar no
mínimo 3% das unidades habitacionais para atendimento aos idosos e
pessoas portadoras de deficiência ou de cuja família façam parte pessoas
com deficiência. Em 2010, os eleitores acima de 60 anos representavam
16% do eleitorado brasileiro.
Há no Brasil 4.986 cidades de até 50 mil habitantes, de acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -89,61% do total
dos municípios brasileiros.
Do ponto de vista dos políticos, estes municípios enquadram-se no
conceito de “grotões” – onde está o eleitorado que até 2002 rejeitou a
candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva e só cedeu quando o PT
apresentou como vice na chapa o empresário José Alencar, então no PR.
Lula fortaleceu o programa Bolsa Família, que se tornou um forte
puxador de votos neste segmento eleitoral. Na eleição de Dilma Rousseff,
em 2010, os “grotões” já se mostraram abertos a votar nos petistas.
De acordo com a portaria do Ministério das Cidades, as prefeituras e
os Estados têm até sexta-feira (dia 30) para inscreverem projetos de
construção das unidades habitacionais e se habilitarem a receber os
recursos do governo federal.
A segunda fase do programa habitacional que foi uma das principais
vitrines da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva e continua como
carro-chefe das políticas públicas da presidente Dilma Rousseff prevê a
construção até 2014 de 2 milhões de residências para famílias que têm
renda bruta entre R$ 1,6 mil e R$ 5 mil mensais.