Depois das grandes e seus fornecedores, chegou a vez das pequenas e médias
Depois da consolidação da presença de gigantes como Telefônica e Santander — para citar apenas dois exemplos —, chegou a vez de empresas espanholas de menor porte começarem a desembarcar no Brasil. Para se ter uma ideia da atração que o Brasil exerce entre os espanhóis, no primeiro bimestre deste ano, a Espanha foi responsável por 9,8% do total de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país. Só ficou atrás de Estados Unidos, com 12,7%, e dos Países Baixos (Holanda), que teve participação de 50,5%no ano—dado inflado por algum investimento específico no mês de fevereiro que não foi divulgado oficialmente.
Dados da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil,mostram que, nos últimos 12 meses, em torno de 2 mil empresas procuraram a instituição com interesse em se estabelecer no país, que já conta com a presença de 500 empresas espanholas atuando diversos segmentos. E, diante da alta demanda por informações, a Câmara elaborou em conjunto com parceiros o guia “Como fazer negócios no Brasil”, um compilado para que o investidor saiba como são as regras para o capital estrangeiro no Brasil, regras de tributação, trabalhistas, entre outras informações relevantes para quem pretende se instalar por aqui.
O forte interesse pelo Brasil também foi constatado no escritório Dias Carneiro Advogados, que é associado ao espanhol Uría Menéndez e tem 65% de clientes europeus, sendo a maioria espanhóis. O mês de janeiro, tradicionalmente sem movimentação, foi atípico neste ano, explica o sócio Henrique Dias Carneiro. “O faturamento derivado de projetos novos em janeiro foi 50% superior ao de janeiro do ano passado e contratamos quatro novos advogados para dar conta do volume de trabalho”, diz. O escritório atua em fusões e aquisições, projetos financeiros e assessoria jurídica a projetos de infraestrutura e no mercado imobiliário.
A terceira onda
A primeira leva de grandes empresas espanholas chegou ao Brasil no final dos anos 1990, época das privatizações. Depois houve uma segunda onda, marcada pelos fornecedores dessas grandes empresas, agora chegou a vez de uma ‘terceira onda’ de investimentos, que virão de empresas com perfil mais familiar e com grande conteúdo tecnológico. “São empresas com tecnologia de ponta em diversos setores que buscam companhias brasileiras com o mesmo perfil mas que esgotaram a capacidade de crescimento”, observa Carneiro.
“Nessa terceira onda estão as pequenas e médias ligadas a serviços, construção civil, turismo e também interessadas em obras de infraestrutura”, diz a diretora-executiva da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil, Nuria Pont, ao apontar que 20% dos investimentos espanhóis no mundo estão concentrados no Brasil.