O Federal Reserve (Fed – banco central dos Estados Unidos) anunciou medidas adicionais ontem para reduzir o custo dos empréstimos, em meio à frágil recuperação da economia norte-americana, anunciando que usará recursos de ativos de hipotecas que estão vencendo para comprar mais títulos públicos.
O Fed, que manteve a taxa de juro no intervalo entre zero e 0,25% ao ano, também renovou seu compromisso de mantê-las nesse nível por um período prolongado, conforme esperado.
A decisão de reinvestir recursos de mais de US$ 1,3 trilhão de ativos ligados a hipotecas, em um esforço para manter baixos os custos dos empréstimos, representa uma importante mudança política para o banco central.
Poucos meses atrás, o banco central vinha debatendo estratégias para abandonar os estímulos extraordinários criados durante o período de crise financeira.
“Para ajudar a dar suportes à recuperação econômica em um contexto de estabilidade de preços, o comitê vai manter constante os títulos em seu poder nos atuais níveis, ao reinvestir o principal da dívida das agências de empréstimos e de hipotecas em títulos de longo prazo do Tesouro”, disse o Fed em um comunicado divulgado ontem.
A medida foi um pouco surpreendente. Embora muitos analistas e investidores esperassem que o Fed anunciasse que reinvestiria os recursos advindos de hipotecas, a maioria achava que a autoridade monetária compraria mais dívida ligada a hipoteca em vez de títulos do governo.
“O fato de que eles vão comprar títulos de longo prazo do Tesouro nos pegou de surpresa; esperávamos que qualquer anúncio neste front fosse concentrar a atenção do Fed na ponta curta” dos treasuries, afirmou o analista Dan Greenhaus, da corretora Miller Tabak.
Marc Chandler, analista do Brown Brothers Harriman (BBH), afirmou que a decisão do Fed de reciclar os bônus hipotecários que vencem em treasuries lança uma luz “mais suave” no comunicado do banco central do que quaisquer palavras, embora ele destaque que o Fed, de fato, rebaixou sua avaliação sobre o estado da economia, como era esperado. Ele também considerou interessante que o Fed vá comprar treasuries de prazo mais longo, já que, afirma, alguns esperavam compras de títulos de médio prazo.
No comunicado, ao final de uma reunião que durou um dia, os membros do Fed ofereceram uma visão mais pessimista sobre a economia, dizendo que a “recuperação em curso e o emprego têm desacelerado nos últimos meses”. Ao final do encontro de em junho, o Fed afirmara que a recuperação estava em curso.
Os dados têm vindo bastante fracos desde o último encontro do Fed. O gasto do consumidor diminuiu e o setor manufatureiro parece estar perdendo fôlego. A taxa de desemprego, por outro lado, subiu a 9,5%.
Além disso, o banco central norte-americano informou que agirá para evitar o encolhimento de seu balanço, em uma tentativa de estimular a economia e evitar a deflação. O BC reconheceu que o ritmo da economia desacelerou nos últimos meses. Embora afirme que espera que a melhora gradual da economia continue, o comunicado do Fed acrescenta que “o ritmo da recuperação deve ser mais modesto no curto prazo do que havia sido antecipado”.
O presidente do Fed de Kansas City, Thomas H. Hoenig, foi novamente o único voto discordante entre os dez membros que votaram na reunião do Fomc. Ele votou contra a decisão do banco central pela quinta vez este ano, alegando que a economia está se recuperando modestamente como o projetado e que a garantia de que o Fed vai manter as taxas de juro baixas por um período prolongado pode desencadear inflação ou bolhas de ativos.
Japão
O comitê de política monetária do Banco do Japão (BOJ, banco central) decidiu por unanimidade manter a taxa básica de juros (overnight call loan rate) em 0,1% – nível em que ela se encontra desde dezembro de 2008 – enquanto o banco avalia o impacto da recente valorização do iene sobre a frágil recuperação econômica do país.
O banco central reiterou, no entanto, seu compromisso para evitar que a deflação prolongada prejudique a economia. “Na condução da política monetária, o banco buscará manter o ambiente financeiro extremamente acomodatício”, disse o banco.
O BOJ também manteve sua avaliação a respeito da economia em geral, dizendo que a economia doméstica “mostra novos sinais de recuperação moderada”, na esteira da melhora das economias externas.