O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá manter no exterior os recursos captados ontem no mercado internacional no valor de US$ 1 bilhão, com prazo de vencimento em 10 anos. O empréstimo para empresas brasileiras no mercado internacional seria uma das soluções em estudo no banco para evitar que a incidência do Imposto de Renda sobre a remessa do dinheiro do Brasil para o exterior encareça em 17,65% o custo do juro e das comissões de captação externa, segundo apurou o Valor.
A carga tributária eleva em quase dois pontos percentuais o custo do papel que tem que ser repassado para a cesta de moedas do BNDES e seria cobrada em algumas operações de crédito com os clientes do banco. A preocupação da instituição de fomento é de não encarecer demais o custo médio da cesta, que estava em 5,347% antes da nova captação.
O mercado externo estressado ontem não prejudicou a emissão do BNDES, que teve uma demanda total de mais de US$ 4 bilhões, segundo Alexei Remizov, executivo do HSBC, que liderou a transação junto com o Goldman Sachs. O Banco do Brasil e o Itaú Unibanco foram co-líderes.
O rendimento pago pelo BNDES aos investidores foi de 6,546% ao ano, o que corresponde a um prêmio sobre os títulos do Tesouro americano de prazo de vencimento em dez anos de 300 pontos básicos. O prêmio pago sobre os títulos do BNDES no mercado secundário, de 20 pontos básicos, é um sinal do sucesso da transação, segundo ele. Os prêmios de emissão, como são conhecidos, são geralmente de 30 pontos básicos.
Participaram cerca de 200 contas na transação. A maioria dos compradores (57%) veio dos Estados Unidos, 30% da Europa e o resto da Ásia e da América Latina.
Antonio Pereira, do Goldman Sachs, informou que a transação começou com uma visita de dois dias aos investidores em Londres, New York, Boston e Los Angeles. O interesse dos investidores foi tão grande que o BNDES lançou os títulos ontem e em menos de duas horas conseguiu demanda mais do que suficiente para o total de US$ 1 bilhão que o banco queria colocar no mercado.
Segundo Pereira, as empresas brasileiras de primeira linha que emitirem títulos no exterior vão conseguir pagar rendimentos totais em níveis recordes de baixa, dado o patamar reduzido dos títulos do Tesouro dos EUA.