O mercado de capitais brasileiro se prepara para dar mais espaço à aurorregulação. Dessa vez, a ênfase está em melhorar a forma como são divulgadas informações relevantes das companhias. O movimento ganhou força ontem. O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), formado por diversas entidades do mercado local e que tem como observador a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), divulgou um documento que sugere as diretrizes para a divulgação de releases. O objetivo da orientação é padronizar os informes em linguagem objetiva. “É preciso evitar que grupos tenham maior ou menor nível de detalhamento de informações”, afirma Alexandre Oliveira, um dos relatores do pronunciamento. “Foi possível perceber ao longo da audiência pública, que há uma grande confusão de conceitos sobre releases”, diz Oliveira.
Uma das principais expectativas do mercado é a de que o documento ajude a melhorar a qualidade dos releases preparados pelas empresas. E os torne mais próximos da realidade das companhias. Atualmente, muitas destacam os números positivos nos textos. Com isso, dificultam o trabalho de investidores, analistas e da imprensa especializada. “Gostaríamos que as informações negativas passassem a ter a mesma ênfase das favoráveis. Infelizmente, há uma tendência a jogar para baixo do tapete o que não é considerado bom”, critica outro dos relatores do pronunciamento, Helio Garcia, que integra os quadros do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri).
Transição
Um dos campos que tem sido mais férteis para provocar confusões na divulgação de releases é o novo modelo contábil. Com um complexo padrão em pleno período de transição no País, não é raro observar companhias cujas divulgações confundem mais que esclarecem. “Não há dúvida de que as empresas precisam ter mais atenção à aplicação das normas contábeis. O problema é que as mudanças são muito amplas”, diz Oliveira. “Será necessário um intervalo de dois a três anos para que as empresas entendam bem os princípios e comuniquem sua aplicação”, projeta o especialista.
Reforçar a transparência
O documento elaborado pelo Codim para melhorar o conteúdo dos releases deve ser complementado com novo pronunciamento, ainda em elaboração. Trata-se da minuta que trará recomendações sobre as práticas ideais durante a divulgação de resultados das empresas de capital aberto.
Ainda durante o ano, o Codim deve elaborar outros seis pronunciamentos. Os assuntos vão da política de divulgação de executivos de empresas listadas, em linha com a revisão que a CVM faz da instrução 202.
Outro tema que está entre as prioridades do Codim é o período de silêncio. A ideia é publicar um pronunciamento que dê as diretrizes de como uma companhia deve comportar-se durante uma oferta de ações. O documento deve incorporar, ainda, sugestões do tempo ideal para que as companhias fiquem em silêncio antes da divulgação de resultados.