As grandes empresas serão os principais alvos de fiscalização da Receita Federal no decorrer deste ano. Isso é o que revela uma portaria publicada no fim de dezembro pelo órgão, que define os critérios de fiscalização para 2009. \”Na prática, desde 2007 a fiscalização diferenciada às grandes empresas já estava ocorrendo, mas agora publicaram essa portaria que regulamenta o tratamento diferenciado de fiscalização para empresas com receita superior a R$ 65 milhões\”, afirma o advogado José Carlos Mota Vergueiro, do escritório Velloza, Girotto e Lindenbojm Advogados Associados. Para ele, a crise financeira e a consequente redução na arrecadação tributária federal no fim do ano passado (em novembro, por exemplo, houve uma queda de aproximadamente de 16% na arrecadação) contribuíram para acelerar a decisão do governo. \”A redução da receita tributária por conta da crise econômica fez com que o governo buscasse alternativas para evitar perdas de arrecadação\”, comenta o advogado.
De acordo com a nova portaria, neste ano haverá dois critérios para fiscalização: o diferenciado e o especial. No caso do acompanhamento diferenciado, explica Vergueiro, o objetivo é o acompanhamento de empresas com receita bruta anual superior a R$ 65 milhões. Já no acompanhamento especial, estarão na mira do Fisco empresas que tenham receita bruta anual superior a R$ 350 milhões.
Isso não significa, no entanto, que empresas com faturamento inferior aos previstos no novo critério estarão livres de fiscalização. \”A Receita vai dedicar mais tempo a fiscalizar essas empresas, que têm faturamento maiores, mas as empresas com receita menor também continuarão a ser fiscalizadas\”, alerta o advogado. \”Eles (os pequenos contribuintes) não vão ser esquecidos\”, complementa.
Para o advogado, as novas regras trazem critérios mais racionais para a fiscalização das empresas. \”Antes, a Receita usava o ramo de atividade econômica ou denúncia para pautar a sua fiscalização\”, afirma Vergueiro. \”Hoje, com essa nova determinação, eles estão levando em consideração o volume por receita da empresa\”, comenta o advogado.
Carga tributária
\”O Fisco está tendo uma atitude pragmática em um momento em que deslumbra queda na arrecadação, mas o correto seria desonerar os empresários de uma carga tributária tão elevada\”, diz. \”O governo não está colaborando com a classe empresarial\”, dispara Vergueiro.
Para o advogado, especialmente neste momento de crise mundial, o governo brasileiro devia reduzir a carga tributária para incentivar os investimentos do setor empresarial. \”As pequenas mudanças que ocorreram para reduzir a carga tributária são insignificantes diante do que o setor empresarial necessita\”, afirma Vergueiro. \”Além disso, o governo federal está fazendo um arroucho fiscal que não contribui nada para o desenvolvimento empresarial\”, finaliza o advogado.