O Tesouro Nacional já comprou no mercado 75% dos dólares necessários para pagamento da dívida externa neste ano, segundo Paulo Valle, secretário-adjunto. “Apesar do cenário externo conturbado, o Brasil passa por um momento tranquilo na administração da dívida pública”, afirma ele. Segundo Valle, o Tesouro vai se defrontar com vencimentos de R$ 379 bilhões em 2009, dos quais R$ 16,1 bilhões são dívida externa.
“A perspectiva de queda nos juros ajuda a vender títulos prefixados”, comenta. Além disso, ele lembra que o Tesouro recebeu um aporte de R$ 185,35 bilhões do Banco Central recentemente. O valor refere-se ao lucro patrimonial de R$ 10,2 bilhões no segundo semestre de 2008 mais um total de R$ 171,4 bilhões de ganhos com a desvalorização cambial no período sobre as reservas cambiais e operações de swap cambial. “Recebemos um reforço de caixa importante neste momento no qual capitalizamos o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em R$ 100 bilhões”, diz.
Ele disse ter notado que até mesmo o investidor estrangeiro está voltando para comprar dívida interna, depois de ter ficado fora do mercado depois da quebra da Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, até o final do ano. “Desde fevereiro já percebemos a retomada das compras de títulos públicos pelo investidor externo nos leilões de venda primária”, afirmou. Segundo ele, a participação do investidor estrangeiro no total da dívida interna, que chegou ao máximo de 7%, caiu para 6% e agora voltou para níveis em torno de 6,5%.
No mercado externo, ele diz que o Tesouro mantém suas recompras permanentes de títulos e pretende realizar somente “emissões qualitativas”, pois não precisa de funding em dólar neste ano. “Há países emitindo papéis de cinco anos de vencimento com uma demanda fortíssima, mas esse prazo não nos interessa”, exemplificou. Valle esteve em São Paulo para participar de seminário promovido pela Andima e pela Cetip.