GABRIELA GUERREIRO da Folha Online , em Brasília O depoimento do diretor de contra-inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Maurício Fortunato, à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara irritou os integrantes da comissão. Fortunato apresentou detalhes da participação de agentes da Abin na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, com uma versão distinta da revelada anteriormente pela agência –o que provocou a revolta de integrantes da CPI. O presidente da comissão, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse que a CPI pode propor a extinção da Abin se ficar comprovado que o órgão divulgou informações contraditórias sobre a Satiagraha. \”Se isso tudo que foi dito aqui for verdade, tem que se propor a extinção da Abin\”, afirmou. Em nota oficial divulgada pela Abin após denúncias de escutas telefônicas clandestinas contra autoridades dos três Poderes, a agência afirma que a participação dos agentes na Operação Satiagraha foi \”no campo da informalidade, entre agentes e o delegado Protógenes Queiroz\”. O diretor disse à CPI que a participação dos agentes não foi informal, uma vez que todos responderam às chefias imediatas sobre a colaboração com a PF. Fortunato também revelou que, ao todo, 52 agentes da Abin participaram da Operação Satiagraha. A agência chegou a revelar que somente oito agentes haviam colaborado informalmente com Protógenes devido à relação de amizade com o delegado. \”Isso é um desrespeito, um escárnio com esta Casa. Cinqüenta e duas pessoas, com gastos de R$ 300 mil, e depois publicam nota dizendo que isso não tem nada a ver? É um desrespeito com esta Casa\”, reagiu o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) disse que a agência de inteligência se transformou em uma \”agência de burrice\”. Contradição Fortunato confirmou à CPI que o agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Inteligência) Francisco Ambrósio Nascimento dividiu sala na sede da Polícia Federal com agentes da Abin, servidores da PF e o próprio delegado Protógenes durante a Operação Satiagraha –numa sinalização de que Ambrósio participou diretamente da operação. Fortunato negou, porém, que Ambrósio tenha coordenado os servidores da agência na Operação Satiagraha. Ambrósio é acusado de coordenar escutas telefônicas clandestinas contra autoridades dos três Poderes que teriam sido supostamente realizadas pela Abin. \”Os servidores da Abin ficaram sabendo que o Ambrósio era aposentado durante conversas informais entre eles. Os servidores da Abin recebiam suas tarefas diretamente do delegado Protógenes. Em uma sala no quinto andar no edifício sede da Polícia Federal, nesse ambiente, trabalhava o delegado Protógenes, um agente, um escrivão, dois peritos de PF, um ou dois servidores da Abin, e numa sala no mesmo ambiente de trabalho, o senhor Ambrósio\”, disse o diretor. Leia mais Diretor da Abin diz que 52 homens da agência participaram da Operação Satiagraha Diretor da Abin desmente Jobim e afirma que maletas não fazem grampos telefônicos Senado aprova projeto que pune servidor por escuta ilegal com prisão Operação Satiagraha pode ser anulada, dizem magistrados STJ anula investigação que usou quase dois anos de interceptações telefônicas Livraria Frederico Vasconcelos ensina como INVESTIGAR GOVERNOS, empresas e tribunais Ex-diretor da Radiobrás expõe BASTIDORES e as engrenagens do poder em Brasília Especial Leia mais sobre a Abin Leia cobertura completa sobre a crise dos grampos Navegue no melhor roteiro de cultura e diversão da internet