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18 de abril de 2024Representantes de dez partidos, entre eles PSDB, PDT, PT e Cidadania, se reuniram na noite desta segunda-feira, 20, em São Paulo, para organizar o lançamento do movimento \”Direitos Já, Fórum pela Democracia\”.
O objetivo é formatar um grupo suprapartidário de oposição ao governo Jair Bolsonaro. A iniciativa acontece a poucos dias de manifestação pró-governo, marcada para o próximo domingo, e num momento em que a oposição organizada dos partidos de esquerda e de centro-esquerda ainda é tímida no Congresso.
O encontro foi organizado pelo escritor Fernando Guimarães, do PSDB, e pelo advogado Marco Aurélio Carvalho, do PT. O movimento começou como um grupo de WhatsApp que ultrapassou 200 integrantes de vários partidos. Segundo eles, a ideia agora é lançar um manifesto e organizar um ato no Tuca, o teatro mantido pela PUC em São Paulo. Ainda não existe uma data fechada para isso.
\”A ideia é ver se a gente quebra o gelo e atua com uma plataforma comum\”, disse o advogado Pedro Serrano, que cedeu seu apartamento para o encontro. Carvalho seguiu na mesma linha e defendeu a busca por uma \”pauta comum\”. \”O que nos une é maior do que aquilo que nos divide\”, disse ele.
Entre os cerca de 40 convidados, estavam políticos como o ex-ministro Aloizio Mercadante, o ex-prefeito Fernando Haddad e o vereador Eduardo Suplicy, todos do PT; o ex-ministro da Justiça José Gregori, o ex-senador José Aníbal e o vereador tucano Daniel Anneberg, pelo PSDB; o candidato derrotado do PSOL à Presidência, Guilherme Boulos, o presidente do PV, José Pena; José Gustavo, porta voz da Rede; além de lideranças do PDT, Cidadania, PSOL e PCdoB e dirigentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), UNE e do movimento negro.
Os participantes disseram que não foram representando seus partidos. Vários deles não têm cargo relevante de direção nas siglas. Mas se comprometeram a levar o que foi discutido para suas respectivas legendas.
\”Uma mistura dessas só vi nas Diretas-Já\”, disse Gregori, ao encontrar Suplicy no elevador. Os convidados que chegavam ao evento recebiam um broche onde se lia \”Direitos Já\”. Garrafas de vinho tinto e branco faziam companhia a sanduíches.
Os planos de união não evitaram, porém, algumas reações mais ásperas. Durante sua fala, o advogado Celso Antonio Bandeira de Mello afirmou que Bolsonaro foi eleito \”devido à influência dos Estados Unidos\” e que, neste sentido, era preciso ter consciência de quem está \”do outro lado\”. O tucano André Franco Montoro se irritou e interrompeu o advogado. \”Não vamos começar com teoria da conspiração aqui. O governo foi legitimamente eleito. Se for assim, vou me levantar e vou embora\”, criticou ele, que acabou permanecendo no encontro.
Tesoureiro nacional do PT, o deputado estadual Emídio de Souza disse estar disposto a abrir mão de bandeiras do partido, como as campanhas contra a reforma da Previdência e pela liberdade do ex-presidente Lula em nome da unidade. \”A Educação pode ser um ponto que nos una mais. Se não nos unificar a Previdência e a campanha Lula Livre, vamos procurar o que nos une.\”
Já o vereador Eliseu Gabriel (PSB) e o candidato derrotado do PDT ao governo de São Paulo, Marcelo Candido, deram o tom eleitoral ao falar em defesa de uma unidade para enfrentar o bolsonarismo nas eleições municipais do ano que vem. \”Vamos fazer com que a eleição do ano que vem não nos distancie\”, disse Candido.
Derrotado na eleição à Presidência, Haddad defendeu que o grupo se organize em torno de uma agenda mínima de temas como educação, relações exteriores, geração de empregos e direitos humanos, e busque a adesão do centro e do \”centro-direita liberal\”. \”Não vou assinar um texto pró-establishment. A gente não pode jogar o jogo dele (Bolsonaro). Não tem establishment contra anti-establishment. O que tem é progresso contra atraso.\”
O líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva, usou a palavra \”degelo\” para classificar o encontro. \”Temos de lutar contra o sectarismo na política brasileira.\” Entre os próximos passos do movimento, está tentar atrair adesões em outras regiões, como dos governadores do Nordeste.