O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta
segunda-feira, 11, que não irá aprovar nenhuma medida temporária para
resolver a crise envolvendo o impasse sobre o teto da dívida pública do
país, que já chegou ao seu limite legal.
“Eu não aceito uma solução temporária de 30 dias, de 60 dias, de 90
dias ou de 180 dias (para resolver a questão)”, disse Obama a
jornalistas, na Casa Branca. “Eu não vou assinar uma extensão, esta não é
uma abordagem aceitável (para a dívida).”
Obama está tentando convencer os congressistas a votar o aumento no
limite máximo do endividamento antes de 2 de agosto, alegando que, caso
isto não ocorra, os Estados Unidos poderão ter de deixar de cumprir seus
compromissos com credores.
Atualmente, a dívida americana é de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$
22,4 trilhões). Nesse domingo, uma reunião bipartidária na Casa Branca
terminou sem dar fim ao impasse. O aumento do teto da dívida americana
precisa ser aprovado pelo Congresso.
Mas divergências entre republicanos e democratas têm impedido a resolução do impasse.
Obama disse que planejava uma nova reunião com os líderes do
Congresso ainda nesta segunda-feira. “Nós vamos nos reunir de novo hoje,
e nós vamos nos reunir todo dia até que nós tivermos isto resolvido”,
afirmou o presidente.
Para reduzir o deficit público, a Casa Branca propõe um reajuste
fiscal de US$ 4 trilhões no prazo de dez anos, em um pacote que cortaria
gastos públicos, aumentaria os impostos e traria reformas em programas
públicos, como o Medicare (sistema público de auxílio à saúde para
pessoas acima de 65 anos) e o Medicaid (auxílio-saúde para famílias de
baixa renda).
Resistências
Tanto o Partido Republicano
quanto o Partido Democrata (de Obama) resistem a diversos pontos do
acordo proposto pela Casa Branca. A oposição se opõe a aumentos de
impostos que o governo quer impor à parcela mais rica da população,
enquanto os correligionários do presidente rejeitam os cortes em
programas sociais.
A oposição republicana, que controla a Câmara dos Representantes
(deputados federais), exige ainda que um acordo esteja vinculado a
cortes de gastos para reduzir o deficit no orçamento – calculado em US$
1,4 trilhão (cerca de R$ 2,2 trilhões) para o ano fiscal que termina em
setembro.
O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John
Boehner, reconheceu nesta segunda-feira, segundo a agência AP, que o
aumento do teto da dívida americana é necessário, mas disse que nenhum
acordo que preveja o aumento de impostos será aprovado.
Embora diga que entenda as intenções dos congressistas, Obama
criticou a postura dos parlamentares, afirmando que vários deles buscam
ganhos políticos neste período pré-eleitoral, já que a eleição
presidencial americana ocorre em 2012.
“Eu estou disposto em me mover na direção deles (dos congressistas)
para conseguir fazer algo, é isto que requer para se chegar a um
acordo”, disse o presidente.
Obama também afirmou nesta segunda-feira que “ninguém está discutindo
agora” um aumento de impostos, seja para 2011 ou para 2012. Segundo o
presidente, a única proposta em pauta é o corte de alguns incentivos
fiscais e a taxação da população mais rica, mas apenas a partir de 2013.
Nova recessão
Nesta segunda-feira, o
presidente voltou a afirmar que o aumento do teto é fundamental para que
o país não entre em uma nova recessão, ocasionando os cortes de milhões
de empregos nos Estados Unidos.
Além disso, Obama afirmou que, com o impasse em resolver a questão da
dívida, serviços como o Medicare e a Previdência ficarão sem dinheiro.
“Esta é a hora de fazer isso. Se não for agora, será quando?”,
questionou o presidente. “O povo americano quer ver algo sendo feito. O
que eu disse aos líderes é que tragam para mim ideias que possam ganhar
alguns votos no Congresso.”