O Banco Itaú tomou empréstimos nos programas oficiais de crédito que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) criou durante a crise financeira internacional. Foram 22 operações que somaram ao longo de todo o programa US$ 7,1 bilhões, segundo dados divulgados pelo Fed. O banco tomou linhas que variaram de US$ 10 milhões a US$ 1,1 bilhão. O diretor de tesouraria externa do Itaú BBA, Marcos Antônio Sudano, observa que parte desses recursos foram usados para rolagem dos próprios empréstimos. Ele ressalta que o banco não enfrentou qualquer problema de liquidez durante a crise e que ir ao Fed foi uma decisão baseada na atratividade do custo do dinheiro internacional. “O Itaú é o banco brasileiro mais internacionalizado e por isso tem acesso a essas linhas”, destaca.
O Itaú foi o único banco brasileiro a recorrer às linhas oficiais do governo americano, que distribuíram US$ 3,3 trilhões durante a crise. O programa foi criado para dar liquidez ao sistema como um todo, independentemente da saúde financeira da instituição. Alguns bancos, bastante líquidos, se valeram do baixo custo para captar.
O banco brasileiro usou duas linhas oficiais de crédito, ambas criadas pelo Fed no final de 2007 para dar liquidez aos bancos durante a crise. No TAF (Term Auction Facility), instrumento de leilão a termo que permitiu que os bancos fizessem ofertas para obter créditos do banco central americano sem o estigma associado com a janela de redesconto, o Itaú fez 17 operações entre 8 de novembro de 2008 e março de 2010. Essas operações somaram US$ 6,920 bilhões e foram feitas por meio da Banco Itaú New York Branch e Itaú Unibanco SA NY BR.
O Itaú chegou a fazer mais operações na linha TAF que grandes bancos americanos. O Bank of America usou a linha 15 vezes e o JPMorgan, sete vezes. O líder foi o Citigroup, que usou 26 vezes Em valor, porém, os bancos americanos tomaram muito mais dinheiro emprestado. O Citigroup recebeu pelo menos US$ 73 bilhões do TAF. Wells Fargo e Wachovia receberam US$ 60 bilhões cada. O JPMorgan recebeu pelo menos US$ 52 bilhões.
A outra linha oficial do governo americano que o Itaú usou foi a Term Asset-Backed Securities Loan Facility (Talf), pela qual o banco central americano ofereceu crédito de baixo custo para a compra de bônus de alta qualidade lastreados por empréstimos ao consumidor, como cartão de crédito e financiamento de veículos. O banco brasileiro tomou US$ 191 milhões emprestados, em cinco operações de crédito feitas nos meses de junho e julho de 2009. Ao todo, o Talf liberou US$ 71,1 bilhões para gestores de fundos como Pimco, Blackrock e até o fundo de pensão dos professores da Califórnia.