A alta de 10% do dólar frente ao real acumulada nos últimos quatro meses
não teve efeito na inflação – ainda. Enquanto o índice oficial de
inflação (IPCA) subiu 6,5% no ano passado, muitos produtos importados ou
com componentes estrangeiros , como computadores, televisores e
máquinas fotográficas, ficaram até mais baratos.
Na avaliação do economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas,
ainda não deu tempo de o mercado repassar ao consumidor a variação do
câmbio. Ele explica que isso acontece apenas quando a cotação se fixa em
um novo patamar durante mais de três meses. No final do ano passado,
contudo, o dólar oscilou muito e não apresentou uma tendência definida.
No início de 2012, a crise na Europa e a recuperação da economia
americana ainda geram incertezas. Nesse cenário, a Tendências
Consultoria Integrada avalia que o dólar permanecerá no patamar de R$
1,80 “nos próximos dois ou três meses”.
O economista da FGV avalia que a moeda americana poderá contaminar os
preços de importados já no começo desse ano. Para ele, esse repasse
seria evitado “se, de hoje para amanhã, melhorasse a confiança na
Europa”, o que é pouco provável.
“Gradualmente, computadores e celulares podem ter descontos cada vez
menores, ou mesmo ficarem mais caros”, afirma o economista.