Executivos dos escritórios de representação dos bancos estrangeiros estão conseguindo liminares para suspender o andamento dos processos contra eles. Com a estratégia, buscam atrasar o julgamento final até a prescrição do crime.
Carlos Miguel de Sousa Martins e Alexander Siegenthaler, do Credit Suisse Representações Ltda, escritório de representação da matriz Credit Suisse, sem vínculo com o banco no Brasil, conseguiram vitória. Denunciados por delito contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, eles entraram com habeas corpus argumentando que queriam prestar seu depoimento na Suíça, mas tiveram seu pedido indeferido pela Justiça, o que é um “constrangimento ilegal”, pois eles têm o direito de ser interrogados no seu país de domicílio.
Conseguiram liminar do ministro Celso Limongi, desembargador do convocado do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele disse que “para evitar futura alegação de nulidade por cerceamento de defesa”, o ideal seria suspender o processo até o julgamento final do habeas corpus. O mesmo Limongi, no entanto, não concordou em suspender o processo contra Reto Buzzi, executivo do escritório de representação do Clariden Leu, do grupo Credit Suisse.
Também conseguiu vitória Luc Marc Dépensaz, executivo do UBS, que entrou com pedido de habeas corpus argumentando que seus advogados deveriam ter acesso aos depoimentos dos doleiros processados junto com ele. Conseguiu liminar suspendendo o processo até julgamento do habeas corpus. Ao ser preso, segundo a PF, Depensaz chegou a dizer que “quem tem dinheiro não fica preso neste país”.
O maior vitorioso foi Peter Schaffner, do Credit Suisse, o primeiro executivo do mundo do private banking a ser preso, ainda em 2006. Ele viajou para a Suíça logo ser solto e alegou para não voltar ao Brasil ter síndrome de pânico e incapacidade para viajar de avião.