O presidente Barack Obama afirmou nesta terça-feira, no discurso do Estado da União, que os Estados Unidos superaram os anos de guerra e de dificuldades econômicas e “viraram a página” da recessão:
— Se passaram quinze anos deste novo século, quinze anos que começaram com um ataque terrorista em nossas costas que criaram duas guerras, longas e custosas, e que viram uma selvagem recessão que se expandiu pelo país e o mundo, mas esta noite viramos a página.
Apoiado pelos recentes indicadores econômicos positivos, que incluem o maior crescimento em 11 anos, um déficit decrescente, uma produção industrial a pleno vapor e condições energéticas excepcionais, os Estados Unidos “têm mais liberdade para escrever o seu futuro que qualquer outro país da Terra”, disse Obama em seu discurso à Nação.
Ao abordar um de seus temas recorrentes, o crescente abismo entre ricos e pobres nos Estados Unidos, Obama desafiou os legisladores:
— Aceitaremos uma economia onde apenas alguns poucos de nós vão espetacularmente bem? Ou vamos nos comprometer com uma economia que gera renda e oportunidades crescentes para todos que se esforçam?
Diante de um Congresso dominado por seus adversários republicanos, Obama apresentou uma série de reformas para aproveitar a recuperação econômica, incluindo a polêmica revisão tributária que busca aumentar os impostos sobre os mais ricos para financiar programas para a classe média.
— Os 400 contribuintes mais ricos pagaram em média 17% de impostos em 2012, menos do que as famílias de classe média — explicou a Casa Branca antes do discurso.
Denunciando um código impositivo “injusto”, a Casa Branca ressaltou que 80% do impacto das medidas deverá cair sobre o 0,1% mais ricos, aqueles que ganham mais de US$ 2 milhões de dólares por ano.
Entre as prioridades de Obama para investir os frutos da recuperação econômica e impostos mais altos sobre os ricos estão facilitar o acesso à propriedade, melhorar o acesso à internet de alta velocidade e a gratuidade dos “community colleges”, centros universitários de formação de curta duração.
Em pouco mais de uma hora de discurso, o presidente abordou ainda questões relacionadas ao Afeganistão, aos veteranos de guerra, à geração de empregos e à Cuba.
— Nossa mudança de política em relação a Cuba tem o potencial para acabar com um legado de desconfiança em nosso hemisfério — disse Obama, acrescentando que o fim do embargo “estenderá uma mão de amizade aos cubanos”.
Ao adotar uma nova abordagem em nossas relações com Cuba, “estamos acabando com uma política que deveria ter terminado há muito tempo”.
— Quando alguém faz algo que não funciona durante 50 anos, chega a hora de testar algo novo.
Obama recordou que o Papa Francisco lhe disse que a diplomacia é um trabalho de “pequenos passos”.
— Estes pequenos passos estão se somando para dar uma nova esperança ao futuro de Cuba”.
O americano Alan Gross, que passou cinco anos em uma prisão cubana por “atentados à segurança do Estado” e foi libertado em dezembro, mereceu uma saudação especial de Obama.
“Após passar anos na prisão, o fato de que Alan Gross esteja novamente entre nós nos enche de alegria: bem-vindo à casa, Alan”, disse Obama a Gross, um dos convidados de honra da cerimônia.