Ronald Kirk, o responsável pelo comércio exterior americano, propôs ontem que Brasil e EUA criem uma nova “estrutura formal para comércio e investimentos” entre os dois países, como instrumento para “melhorar a governança de relações que já são muito boas”.
A proposta foi apresentada durante almoço em São Paulo, oferecido a Kirk pela Câmara Americana de Comércio.
Kirk recusou-se, no entanto, a descer a detalhes de sua proposta, alegando que causaria constrangimento às autoridades brasileiras -com as quais se avista hoje em Brasília- se ficassem sabendo pela mídia.
De todo modo, ficou claro que um dos pontos centrais da nova estrutura seria reativar o que o funcionário norte-americano chamou de “acordo de investimentos bloqueado”.
Tem razão: o governo brasileiro retirou do Congresso os diversos acordos de investimento com outros países que estavam em discussão. No caso dos EUA, a menos que Kirk apresente ideias novas, sua pregação tende a ser inútil: os acordos de proteção a investimentos que Washington assinou com Chile e com México e Canadá, este no âmbito do Nafta, são tidos como inaceitáveis pelo governo brasileiro.
A razão alegada é que dão mais proteção aos investidores estrangeiros que aos nacionais.
De todo modo, Kirk disse que a nova estrutura forneceria uma “moldura mais estável” também para o comércio. Citou o caso da disputa Brasil/EUA em torno do algodão para dizer que pendências como esta poderiam ser encaminhadas de maneira a fazer mais sentido com o novo mecanismo.
Depois de considerar que disputas como essa são naturais e ocorrem também entre homens de negócio (a plateia principal do almoço), Kirk só condenou a hipótese de o Brasil retaliar na área de propriedade intelectual (quebrando patentes, por exemplo).
“É a pior coisa que poderia fazer”, afirmou.