O aumento dos investimentos para turbinar a economia é uma das
prioridades da presidente Dilma Rousseff em 2012. Para isso, a ordem
dada à equipe econômica é tirar do papel, o mais rápido possível,
projetos importantes na área de infraestrutura, que ficaram para trás em
2011. O principal exemplo é a concessão dos aeroportos de Guarulhos,
Viracopos e Campinas. Estão na lista também a nova distribuição dos
royalties do pré-sal, a aprovação do código da mineração e o trem-bala. O
pacote de bondades, no entanto, ainda está longe do que o setor privado
considera como o mínimo necessário para atender à demanda que o Brasil
tem por recursos na área de infraestrutura.
Cálculos da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de
Base (Abdib) mostram que o país precisa de, pelo menos, R$ 188,6 bilhões
em investimentos por ano até 2015. O valor é duas vezes maior que o
projetado pelo BNDES para esses gastos no país: R$ 95,25 bilhões. Ainda
segundo a entidade, a cada ano em que o Brasil deixa de investir o
necessário em infraestrutura, ele aumenta o custo Brasil, deixa a
indústria nacional menos competitiva e cria pressão inflacionária, pois
menos investimentos representam gargalos que aumentam custos e
pressionam preços.
— Quanto mais tempo o Brasil demorar para
resolver seus problemas de infraestrutura, mais caro e difícil será o
processo de crescimento da economia — afirma o vice-presidente da Abdib,
Nilton Lima.
Meta de superávit limita investimentos
Ele
destaca que o investimento total do país em 2010 ficou em torno de R$
144 bilhões, abaixo da demanda de R$ 188,6 bilhões. Isso significa que
ficaram faltando cerca de R$ 40 bilhões em investimentos que vão
precisar ser feitos em algum momento no futuro. Isso aumenta ainda mais a
dificuldade para se realizar esse tipo de despesa.
Embora a maior
parte dos investimentos em infraestrutura venha do setor privado, o
governo sabe que também terá que acomodar em suas contas a necessidade
de ampliar esses gastos em 2012:
— O investimento público tem um efeito multiplicador muito grande — diz um técnico do governo.
O
problema é que esses gastos terão que ser encaixados nas despesas em um
ano em que a equipe econômica tem como compromisso cumprir a meta cheia
de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros
da dívida pública). Foi essa mesma dificuldade que fez com que os
investimentos públicos caíssem em 2011. A equipe econômica foi obrigada a
deixar para trás uma série de projetos que eram considerados
importantes pela presidente Dilma. Tanto que os investimentos do governo
federal fecharam o ano passado com queda. Ela era de cerca de 3% do PIB
até novembro.
Pelos cálculos dos técnicos, quando forem
publicados os dados oficiais do comportamento do investimento público em
2011, ele mostrará que houve um recuo de 1,2% do Produto Interno Bruto
(PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em 2010 para 1% em
2011. O plano da presidente é que, em 2012, o montante volte para um
patamar de 1,2%, o que significaria uma despesa de, pelo menos, R$ 50
bilhões.
Maior demanda vem de petróleo e gás
De acordo com
os dados da Abdib, a maior demanda do país é por investimentos no
segmento de petróleo e gás: R$ 434 bilhões até 2015. Em seguida, está o
setor de transporte de logística, com R$ 175,9 bilhões, seguido pelo
segmento de energia, R$ 145,3 bilhões.
Segundo Lima, se o Brasil
conseguir suprir sua demanda por investimentos em infraestrutura no
ritmo ideal, o país teria menos trabalho para se preparar para grandes
eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. De acordo
com o vice-presidente da Abdib, um estudo feito pela entidade aponta
que a demanda de governos estaduais e municipais, principalmente para
projetos de mobilidade urbana, seria de apenas R$ 252 milhões.
—
Se cumpríssemos tudo o que é preciso, os gastos necessários para
preparar o Brasil para essas competições seria relativamente baixo.