O ex-secretário municipal do Meio Ambiente Luiz Fernando Záchia foi ouvido na quarta-feira, por cinco horas e 30 minutos, na sede da Polícia Federal em Porto Alegre.
Durante o depoimento, ele foi questionado sobre sua conduta à frente da pasta e confrontado com transcrições de escutas telefônicas — cujo conteúdo não foi divulgado — obtidas durante as investigações da Operação Concutare.
Depois de ser interrogado, o ex-secretário voltou ao Presídio Central da Capital. Ele e outras 17 pessoas foram presas pela PF por suspeita de participação no suposto esquema de pagamento de propina envolvendo a concessão de licenças ambientais.
Satisfeito com o resultado do interrogatório, que teve início às 14h30min e só terminou às 20h, o advogado de Záchia, Rafael Coelho Leal, voltou a negar o envolvimento do ex-deputado no caso e disse que todas as dúvidas foram esclarecidas, mas evitou dar detalhes:
— Ele não tem qualquer envolvimento, até por isso que demorou tanto (o depoimento). Podia chegar ali e se negar a falar. Mas explicou item por item, inclusive apresentou novos documentos e falou sobre as escutas telefônicas.
O defensor informou que aguardará o prazo da prisão temporária expirar — o que ocorre amanhã — e que só tomará medidas judiciais se a PF pedir prorrogação. Enquanto isso, Záchia permanecerá no presídio. O advogado elogiou o trabalho da Brigada Militar ao “dar guarida” aos suspeitos na casa prisional, relatou que o ex-secretário recebeu mudas roupas e que está tomando remédios cardíacos por indicação médica.
Além de Záchia, a PF ouviu outros três suspeitos na quarta-feira, entre eles os empresários Vanderlei Antônio Padova e Nei Renato Isoppo — o terceiro não teve o nome confirmado. Com isso, desde segunda-feira, 12 presos foram interrogados.
O advogado de Isoppo, Fernando Barretti, também destacou que o seu cliente respondeu a todas as perguntas, apesar de estar abalado com a prisão:
— Ele está sendo bem tratado no presídio, mas esperamos que seja solto o mais breve possível.
Nesta quinta-feira, a PF deve ouvir mais oito pessoas. Entre elas, pelo menos dois presos e servidores públicos já intimados. Conforme a assessoria de imprensa do órgão, os delegados só deverão se pronunciar sobre a possibilidade de prorrogar as prisões temporárias amanhã. Se isso acontecer, os 16 detidos poderão ficar por mais cinco dias na cadeia.